- Supremacia do mundo externo, da materialidade dos objectos; impõe o real concreto à sua poesia.
- Predomínio do cenário urbano.
- Situa espacio-temporalmente as cenas apresentadas.
- Atenção ao pormenor, ao detalhe.
- A selecção temática: a dureza do trabalho; a doença e a injustiça social; a imoralidade; a desonestidade...
- Pelo facto da sua poesia ser estimulada pelo real, que inspira o poeta, que se deixa absorver pelas formas materiais e concretas.
Impressionismo
Os impressionistas valorizam a impressão pura, a percepção imediata, não intelectualizada, com o seu caráter fragmentário e fugaz. Quer isto dizer que, ao observar a realidade, os impressionistas não fazem uma descrição fiel e perfeita do cenário, antes pintam a impressão não meditada daquilo que observam. Daí o nome impressionismo, pois valoriza-se a impressão imediata da realidade e não a realidade em si.
Cesário Verde fez uma utilização do impressionismo literário aprendido sobretudo, em Baudelaire ( poeta francês). Multiplicam-se as construções pois dá-se importância ao efeito de percepção, em especial à cor, e não ao objeto em si.
Misturam-se percepções de tipos diferentes (qualidades físicas e qualidades morais), por vezes contraditórias, o que pode traduzir uma visão irónica da personagem. Apreendido um aspecto dominante, ele servirá para caracterizar todo o ambiente, toda a atmosfera ("Amareladamente os cães parecem lobos" - Cesário).
A Hipálage é, deste modo, frequente na poesia e na prosa impressionista. Atribui-se a qualidade de um substantivo a outro que directamente com o primeiro se relaciona. Ao afirmar "fumava um pensativo cigarro", sabemos perfeitamente que não é o cigarro que está a pensar, mas sim o fumador. Assim, fica-nos a primeira impressão do autor ao descrever esse quadro. "Um cheiro salutar e honesto a pão no forno" não pretende caracterizar de forma alguma o pão, mas sim quem o fabricou.
A poesia do quotidiano despoetiza o acto poético, daí que a sua poesia seja classificada como prosaica, concreta. O poeta pretende captar as impressões que os objectos lhe deixam através dos sentidos.
Ao vaguear, ao deambular, o poeta perceciona a cidade e o “eu” é o resultado daquilo que vê.
Cesário não hesita em descrever nos seus poemas ambientes que, segundo a conceção da poesia, não tinham nada de poético.
A representação do real quotidiano é, frequentemente, marcada pela captação perfeita dos efeitos da luz e por uma grande capacidade de fazer ressaltar a solidez das formas (visão objetiva), embora sem menosprezar uma certa visão subjetiva – Cesário procura representar a impressão que o real deixa em si próprio e às vezes transfigura a realidade, transpondo-a numa outra.
Ele propõe uma explicação para o que observa com objetividade e, quando recorre à subjetividade, apenas transpõe, pela imaginação transfiguradora, a realidade captada numa outra que só o olhar de artista pode notar.
A obra de Cesário caracteriza-se também pela técnica impressionista ao acumular pormenores das sensações captadas e pelo recurso às sinestesias, Recurso estilístico) que lhe permitem transmitir sugestões e impressões da realidade.
Cesário utiliza também uma linguagem prosaica, ou seja, aproxima-se da prosa e da linguagem do quotidiano.
Parnasianismo
Cesário Verde é caracterizado pela utilização do Parnasianismo que é a busca da perfeição formal através de uma poesia descritiva e fazendo desta algo de escultórico, esculpindo o concreto com nitidez e perfeição.
O parnasianismo é também a necessidade de objetivar ou despersonalizar a poesia e corresponde à reação naturalista que aparece no romance.
Os temas desta corrente literária são temas do quotidiano com um enorme rigor a nível de aspeto formal e há uma aproximação da poesia às artes plásticas, nomeadamente a nível da utilização das cores e dos dados sensoriais.
A preocupação com:
· a beleza e a perfeição da sua poesia (a musicalidade, a harmonia, a escolha dos sons...);
· o vocabulário – a expressividade verbal, a adjetivação abundante, rica e expressiva, a precisão vocabular (chega mesmo a usar termos técnicos), o colorido da linguagem...;
· os recursos fónicos – as aliterações, que contribuem para a musicalidade e para a perfeição formal;
· os processos estilísticos – abundância de imagens, as metáforas, as sinestesias...;
· a regularidade métrica, estrófica e rimática (na métrica, preferência pelo verso decassilábico e pelo alexandrino; na organização estrófica, a preferência evidente pela quadra que lhe permitia registar as observações e saltar com facilidade para outros assuntos).
· a beleza e a perfeição da sua poesia (a musicalidade, a harmonia, a escolha dos sons...);
· o vocabulário – a expressividade verbal, a adjetivação abundante, rica e expressiva, a precisão vocabular (chega mesmo a usar termos técnicos), o colorido da linguagem...;
· os recursos fónicos – as aliterações, que contribuem para a musicalidade e para a perfeição formal;
· os processos estilísticos – abundância de imagens, as metáforas, as sinestesias...;
· a regularidade métrica, estrófica e rimática (na métrica, preferência pelo verso decassilábico e pelo alexandrino; na organização estrófica, a preferência evidente pela quadra que lhe permitia registar as observações e saltar com facilidade para outros assuntos).