Capítulo III

Sermão de Stº António aos Peixes -pág.31

1. O referente "vós" são os pregadores.

2. O conceito predicável é, "Vós sois o sal da terra". O sal tem a função de preservar os alimentos. Assim, metaforicamente, também os pregadores deviam preservar as almas dos fiéis, não as deixando deteriorar.

3. No 1º parágrafo, o paralelismo anafórico e semântico situa-se nas linhas 10 a 17 e refere as acções do "sal" e da "terra". A sua intencionalidade é, ao contrapô-las, apurar as verdadeiras causas da corrupção.

4. Através das citações retiradas da bíblia, texto sagrado, confere-se maior autoridade às palavras do pregador, pois está a ser invocada a palavra de Deus. Desta forma, reforça-se o poder argumentativo do sermão, pois sendo esses argumentos de cariz religioso, adquirem um maior poder de persuasão.

5. Tanto o auditório de Santo António como o do P. António Vieira não praticavam o bem pregado pelos mesmos. Assim, de forma a criticar os seus ouvintes e chamar a atenção para o seu discurso, os oradores vão pregar aos peixes. Santo António fê-lo literalmente, indo à praia, onde todos os peixes vieram à tona de água ouvi-lo. Já Vieira manteve-se na igeja, fingindo que pregava também aos peixes, arranjando assim um estrategema para criticar os vícios dos homens.

7. A invocação é feita a Maria, "Senhora do mar", com a intenção de lhe pedir inspiração e auxílio para que o seu discurso seja adequado à matéria que vai tratar e ao auditório que tem na frente, de forma a alcançar com sucesso os objetivos do seu discurso.

8. Este capítulo inicia um sermão. Duas marcas deste género presentes no Sermão de Santo António aos Peixes são a existência de um conceito predicável, ou seja, uma máxima ou proposição moral, que é uma citação bíblica na qual o orador tem concentrado o tema a desenvolver, neste caso "Vós sois o sal da terra", e também o facto de o discurso oratório do Padre António Vieira, autor do sermão, ser um discurso que pretende ter uma função didática, pois ele refere os aspetos negativos da sociedade e das mentalidades da sua época com o intuito de fazer com que os seus ouvintes reflitam nas suas palavras, para que, ao saírem do local onde ouviram o discurso, tentem mudar as suas atitudes, a sua forma de compreensão da vida e o seu pensamento.