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quarta-feira, 25 de maio de 2022

Os Maias- características da prosa queirosiana


Características da prosa queirosiana:

- uso do gerúndio;
- uso do diminutivo;
- uso da ironia;
- uso da dupla adjetivação;
- uso dos estrangeirismos: - anglicismo- inglês
galicismo- francês
- uso do discurso indireto livre (a voz do narrador e da personagem confundem-se);
- uso da hipálage: "fazia uma malha sonolenta";
- uso do advérbio de modo.


         Ironia: Confere leveza e humor à narrativa. Evidencia contradições e incongruências.
Uma das originalidades de Eça para evidenciar os aspetos risíveis e reveladores das incoerências das personagens ou dos factos. Assim, o narrador anula a objetividade que caractreriza o romance realista, assumindo uma perspetiva crítica, revelando simultaneamente uma posição de superioridade e distanciamento. 


O Diminutivo- Visa a depreciação e a ridicularização de uma personagem. Evidencia a atitude trocista do narrador na crítica de comportamentos e costumes.



Linguagem

A linguagem do romance ilustra o quanto a linguagem literária de Eça foi profundamente inovadora para a literatura portuguesa, tanto pelo impressionismo das descrições, como pelo realismo dos diálogos. 

Com efeito, Eça de Queirós através da narração, da descrição, do diálogo e do monólogo , apropria-se da linguagem de forma inovadora, atribuindo novos valores estéticos e literários. A narração ganha maleabilidade pela necessidade de relatar objetivamente os acontecimentos, como convinha a estética realista; o diálogo enche-se de força coloquial; a descrição minuciosa, frequentemente sensorial, serve os propósitos do realismo que se afirma pelo rigor da observação e pela análise dos acontecimentos sociais; o monólogo ajuda a perscrutar o mundo interior das personagens; o comentário permite a intervenção de um narrador que, ora adotando uma focalização omnisciente, ora uma focalização interna, tudo observa com olhar crítico e contundente.


A educação tradicional e a educação à inglesa n'Os Maias

 

CARLOS DA MAIA

Carlos da Maia – à Inglesa

Professor Inglês – Brown

Aprendizagem de línguas vivas: Inglês

Contacto com a Natureza

Brincadeiras e divertimento

Rigor, método e ordem

Valorização da criatividade e juízo crítico

Submissão da vontade ao dever

Desprezo da Cartilha e do conhecimento teórico

Exercício físico: ginástica ao ar livre

Eusebiozinho

Eusebiozinho – Tradicional

Professor Português – Abade Custódio

Aprendizagem de línguas mortas: Latim

Permanecia em casa

Contacto com velhos livros

Super proteção

Valorização da memorização

Suborno da vontade pela chantagem afetiva

Estudo da Cartilha

Débil na sua saúde e não tinha atividade física


Em consequência direta do método educativo recebido, as duas crianças apresentam características antagónicas.

Carlos revela-se uma criança autoconfiante (visível na forma altiva como responde a Vilaça), cheia de vitalidade e que domina perfeitamente o inglês. Pelo contrário, Eusebiozinho é uma personagem marcada pela falta de energia, pela debilidade física e pelo gosto por um  saber teórico e obsoleto.

A vitalidade de Carlos decorre de uma educação que promove o exercício físico, contrastando com a fragilidade de Eusebiozinho, que é uma consequência de a educação portuguesa apenas valorizar o conhecimento teórico e de ser marcada pela superproteção. Além disso, a autoconfiança de Carlos e o facto de falar inglês decorrem de uma método educativo que promove o desenvolvimento da sua curiosidade natural e a aprendizagem de línguas vivas. Em contrapartida, Eusebiozinho assume um papel passivo no seu processo educativo, limitando-se a memorizar informações já ultrapassadas