Características da prosa queirosiana:
- uso do gerúndio;
- uso do diminutivo;
- uso da ironia;
- uso da dupla adjetivação;
- uso dos estrangeirismos: - anglicismo- inglês
galicismo- francês
- uso do discurso indireto livre (a voz do narrador e da personagem confundem-se);
- uso da hipálage: "fazia uma malha sonolenta";
- uso do advérbio de modo.
Ironia: Confere leveza e humor à narrativa. Evidencia contradições e incongruências.
Uma das originalidades de Eça para evidenciar os aspetos risíveis e reveladores das incoerências das personagens ou dos factos. Assim, o narrador anula a objetividade que caractreriza o romance realista, assumindo uma perspetiva crítica, revelando simultaneamente uma posição de superioridade e distanciamento.
O Diminutivo- Visa a depreciação e a ridicularização de uma personagem. Evidencia a atitude trocista do narrador na crítica de comportamentos e costumes.
Linguagem
A linguagem do romance ilustra o quanto a linguagem literária de Eça foi profundamente inovadora para a literatura portuguesa, tanto pelo impressionismo das descrições, como pelo realismo dos diálogos.
Com efeito, Eça de Queirós através da narração, da descrição, do diálogo e do monólogo , apropria-se da linguagem de forma inovadora, atribuindo novos valores estéticos e literários. A narração ganha maleabilidade pela necessidade de relatar objetivamente os acontecimentos, como convinha a estética realista; o diálogo enche-se de força coloquial; a descrição minuciosa, frequentemente sensorial, serve os propósitos do realismo que se afirma pelo rigor da observação e pela análise dos acontecimentos sociais; o monólogo ajuda a perscrutar o mundo interior das personagens; o comentário permite a intervenção de um narrador que, ora adotando uma focalização omnisciente, ora uma focalização interna, tudo observa com olhar crítico e contundente.