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domingo, 27 de outubro de 2024

 Correção pág. 31


 1. O conceito predicável é «Vos estis sal terrae», extraído do NovoTestamento. A metáfora do sal diz respeito ao facto de o sal na época ser usado para conservar os alimentos, não os deixando deteriorar. Assim, também os pregadores deveriam conservar as almas («terra») e preservá-las da corrupção.

2. a)Os pregadores não ensinam a mensagem do Evangelho. b) Os ouvintes recusam a doutrina cristã. c) Os comportamentos dos pregadores não são coerentes com as suas palavras. d) Os ouvintes imitam a condutados pregadores e não as palavras da doutrina, que eles proferem. e) Os pregadores, por vaidade, centram o ato de pregar em si enão na mensagem cristã. f) Os ouvintes não se guiam pelas palavras de Cristo, mas pelos seus impulsos pecaminosos.

3. Como Cristo ensinou, os maus pregadores devem ser desprezados e expulsos da comunidade. Se os ouvintes ignorarem os pregadores, estes devem virar-lhes as costas e pregar aos peixes.

3.1 O ato de pregar aos peixes, enão aos homens, sugere a indignação do orador pelo facto de os seus semelhantes ignorarem apalavra que os pode salvar. Ao dirigir-se aos peixes, Santo António denuncia a inconsciência dos homens, que parecem ter menos sensatez do que os animais irracionais.

4. Santo António é um exemplo para António Vieira não só por ser um grande orador e um homem virtuoso («o zelo da glória divina, que ardia naquele peito», l. 41)como também por ter tido a per-sistência de não deixar de pregar quando os homens o ignoravam. Vieira pretende seguir-lhe as pisadas e continuar a pregar aos colonos do Brasil, apesar de estes não estarem a seguir os seus ensinamentos.

5. O orador dirige-se a Maria (mãe de Cristo) para lhe pedir inspiração. Segundo Vieira, o nome signi-fica «Senhora do mar»; e, como o Sermão tem um tema marinho, é a esta figura que o pregador pede auxílio para a sua tarefa.



 Cap.V do Sermão de Stº António(aos peixes)


Se pretendes conhecer as histórias e as personagens da bíblia referidas neste capítulo, clica nos links.

David e Golias


CAIFÁS

Herodes- Foi durante o seu reinado que nasceu Jesus, segundo a narrativa bíblica. Herodes foi visitado pelos três reis magos, que foram adorar o Rei dos Judeus, Herodes pediu aos magos que seguissem para Belém e que depois voltassem para o informarem se tinham conseguido encontrar a criança; porém, os Magos foram avisados num sonho a seguir outro caminho e não passarem pelo palácio de Herodes.
Quando Herodes percebeu que havia sido enganado pelos magos, ficou furioso e ordenou que fossem mortos todos os meninos com menos de dois anos em Belém e nas redondezas.

Nabucodonosor

Coro dos Escravos Hebreus-Giuseppe Verdi-Ópera Nabuco


Simão Mago




quarta-feira, 23 de outubro de 2024

CAP. IV do Sermão

 

  • Repreensões aos peixes/homens, seguindo o método usado para os louvores dos peixes/homens: do geral para o particular. 

  •         Primeira Repreensão -OS PEIXES COMEM-SE UNS AOS OUTROS 
  •                                              (OS HOMENS COMEM-SE UNS AOS OUTROS) 
  •       Apelo à Observação:
  •                                         Vedes Todo aquele bulir 
  •                                         Todo aquele andar
  •                                         Aquele concorrer e cruzar 
  •                                         Aquele subir e descer
  •                                         Aquele entrar e sair 

  •       TUDO AQUILO é andarem buscando os homens como hão-de comer e como se hão-de comer.

  •  Valor da enumeração introduzida pela forma verbal “vedes” para caracterizar as ações humanas praticadas na cidade, e que os peixes devem observar.
  •  A enumeração remete para a ideia de movimento, para a agitação motivada pela ambição de alcançar certos objetivos sociais pela parte dos seres humanos.
  •  Nominalizações/ Substantivação do infinitivo verbal.

  •  Alguém que morreu:
  •  Comem-no os herdeiros
  •  Comem-no os testamenteiros 
  • Comem-no os legatários
  • Comem-no os credores
  •  Comem-nos os oficiais dos defuntos e dos ausentes 
  • Come-o o advogado 
  • Come-o o sangrador 
  • Come-o a mulher
  •  Come-o o coveiro 
  • Come-o o tocador de sinos 
  • Comem-no os padres 

  • Algum réu em julgamento 
  • Come-o o meirinho 
  • Come-o o carcereiro 
  • Come-o o escrivão 
  • Come-o o solicitador 
  • Come-o o inquiridor 
  • Come-o o médico 
  • Come-o a testemunha 
  • Come-o o julgador 

  • CONCLUSÃO – Ainda o não comeu a terra e já o tem comido toda a terra Ainda não está executado nem sentenciado e já está comido.
  •      Valor polissémico do verbo “comer”: O verbo “comer” não significa apenas alimentar-se, ingerir alimentos; neste contexto significa usurpar o dinheiro do defunto, explorá-lo.

  •                                                Os peixes / homens comem os mais pequenos.
  •                                                         Os peixes grandes comem os pequenos

  • Os homens comem não só o povo, mas a sua plebe . Os homens não só se comem, mas engolem-nos e devoram-nos . Os homens devoram e comem como se se tratasse de pão.

Aponta-se o terrível defeito que os peixes/homens têm de se comerem (explorarem) uns aos outros devido à sua cobiça desmedida, o que prova a sua crueldade, a sua maldade, a sua injustiça. 
Também se deixam enganar facilmente, movidos pela vaidade.
Comem-se os mortos e Comem-se os vivos:

a um réu comem-no o meirinho, 
o carcereiro, 
o escrivão, 
o solicitador, 
o inquiridor, 
o médico,
a testemunha,
 o julgador

 No último parágrafo, o orador tenta persuadir o auditório a mudar a sua conduta de antropafagia social (vício de se comerem uns aos outros).


  •                       Segunda Repreensão-  A IGNORÂNCIA E CEGUEIRA DOS PEIXES 

  • Caem tão facilmente no engodo da isca . Enganam facilmente os indígenas.

  •                               CONCLUSÃO- Os peixes /homens são muito cegos e ignorantes

terça-feira, 22 de outubro de 2024


              Para leres um  resumo do capítulo III, clica no link.

                                          CAPÍTULO III

 Proposta de correção pág. 47


1.1 As repreensões aos peixes servem, indiretamente, para agitar as consciências dos homens e para os fazer refletir sobre os seus atos, caso não sirvam também para corrigir os seus comportamentos.

2. A circunstância de os peixes se comerem uns aos outros representa, por analogia, o facto de os homens maltratarem os seus semelhantes de diferentes maneiras. São, sobretudo, «os grandes», com mais poder (financeiro, institucional, social, etc.), que oprimem, exploram ou enganamos mais humildes («pequenos»).

3. Através de verbos que remetem para sensações visuais(«Olhai», «vedes»), o orador demonstra a «carnificina» (metafórica) nas cidades, onde os homens se «devoram» numa escala muito maior do que a que se vê entre os verdadeiros canibais do «Sertão». No primeiro caso, a antropofagia é social.


4. A citação bíblica expressa a repulsa do pregador por haver homens que «devoram» outros homens, como «um pedaço de pão». A transcrição do AntigoTestamento confere autoridade ao argumento do pregador e sublinha a condenação deste ato, que o texto sagrado reprova comveemência.

4.1  a) 2; b) 3.

5. Neste passo, censuram-se os homens pela sua ignorância («cegueira»), visto que a sua ambição por honrarias e títulos os levam a arriscar e a perder, por vezes, avida (na guerra).

6. O orador questiona os colonos do Maranhão sobre o modo como se deixam «pescar», ou seja, como são ludibriados. Na sua resposta, o orador acusa aqueles que se deixam levar pela vaidade, valorizando a beleza e a aparência: fascinam-se com os «trapos»(tecidos, roupas) que chegam de Portugal (já fora de moda) e endividam-se para os comprar.

7. Ao contrário de outros homens, Santo António não se deixou enganar nem se envaideceu, apesar de ser uma figura admirável. Desdenhou das futilidades do mundo e abraçou a vida religiosa.

8. Nos dois parágrafos finais deste capítulo, cumprem-se os objetivos do Sermão. A ideia de ensinar (docere) está presente no exemplo de Santo António, que repudiou sempre a vaidade(«Vede o vosso Santo António, que pouco o pôde enganar o mundo com essas vaidades.»).O efeito de deslumbrar(delectare)os ouvintes consegue-se pelo uso emotivo e artístico da linguagem, por exemplo, com recursos expressivos como a metáfora ou a interrogação retórica(«Não é maior ignorância, e maior cegueira deixares-vos enganar, ou deixares-vos tomar pelo beiço com duas tirinhas de pano?»).O efeito de persuadir (movere)alcança-se pela eficácia dos argumentos de Vieira e do exemplo de despojamento de Santo António, levando os ouvintes a mudar os seus comportamentos e, aqui, a desprezar a vaidade.

   Se pretendes ter acesso ao Sermão de Santo António aos Peixes, clica no link.
                                                   

                               Sermão de Santo António aos Peixes 

Excerto CAP.III

      Pudera-se fazer problema: onde há mais pescadores e mais modos e traças, de pescar, se no mar ou na terra? E é certo que na terra. Não quero discorrer por eles, ainda que fora grande consolação para os peixes; baste fazer a comparação com a cana, pois é o instrumento do nosso caso. No mar, pescam-se as canas, na terra pescam as varas (e tanta sorte de varas); pescam as ginetas, pescam as bengalas, pescam os bastões e até os cetros pescam, e pescam mais que todos, porque pescam cidades e reinos inteiros. Pois é possível que pescando os homens cousas de tanto peso, lhes não trema a mão e o braço?! 

Cap. III do Sermão de Santo António aos Peixes



Paralelismo anafórico -  Pescar simbólico: “ No mar, pescam as canas, na terra pescam as varas (…), pescam as ginetas, pescam as bengalas, pescam os bastões e até os cetros pescam, e pescam mais que todos, porque pescam Cidades e Reinos inteiros.”

Gradação crescente ou ascendente- Varas - juízes / ginetas -militares / bengalas - comerciantes / bastões - nobres / cetros - reis.

 O Torpedo faz tremer o braço do pescador devido a uma descarga elétrica. Na terra, os juízes, os militares, os comerciantes, os nobres e os reis (isto é, todos)“pescam” muito, usurpam/tiram proveito dos outros, mas não “tremem”, ou seja, não manifestam qualquer arrependimento, logo não dão indícios de pretenderem converter-se.

quarta-feira, 16 de outubro de 2024

 Se quiseres ouvir o Sermão dito de forma admirável pelo grande poeta Ary dos Santos, clica no link.

 Sermão de Santo António aos Peixes