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quarta-feira, 23 de outubro de 2024

CAP. IV do Sermão

 

  • Repreensões aos peixes/homens, seguindo o método usado para os louvores dos peixes/homens: do geral para o particular. 

  •         Primeira Repreensão -OS PEIXES COMEM-SE UNS AOS OUTROS 
  •                                              (OS HOMENS COMEM-SE UNS AOS OUTROS) 
  •       Apelo à Observação:
  •                                         Vedes Todo aquele bulir 
  •                                         Todo aquele andar
  •                                         Aquele concorrer e cruzar 
  •                                         Aquele subir e descer
  •                                         Aquele entrar e sair 

  •       TUDO AQUILO é andarem buscando os homens como hão-de comer e como se hão-de comer.

  •  Valor da enumeração introduzida pela forma verbal “vedes” para caracterizar as ações humanas praticadas na cidade, e que os peixes devem observar.
  •  A enumeração remete para a ideia de movimento, para a agitação motivada pela ambição de alcançar certos objetivos sociais pela parte dos seres humanos.
  •  Nominalizações/ Substantivação do infinitivo verbal.

  •  Alguém que morreu:
  •  Comem-no os herdeiros
  •  Comem-no os testamenteiros 
  • Comem-no os legatários
  • Comem-no os credores
  •  Comem-nos os oficiais dos defuntos e dos ausentes 
  • Come-o o advogado 
  • Come-o o sangrador 
  • Come-o a mulher
  •  Come-o o coveiro 
  • Come-o o tocador de sinos 
  • Comem-no os padres 

  • Algum réu em julgamento 
  • Come-o o meirinho 
  • Come-o o carcereiro 
  • Come-o o escrivão 
  • Come-o o solicitador 
  • Come-o o inquiridor 
  • Come-o o médico 
  • Come-o a testemunha 
  • Come-o o julgador 

  • CONCLUSÃO – Ainda o não comeu a terra e já o tem comido toda a terra Ainda não está executado nem sentenciado e já está comido.
  •      Valor polissémico do verbo “comer”: O verbo “comer” não significa apenas alimentar-se, ingerir alimentos; neste contexto significa usurpar o dinheiro do defunto, explorá-lo.

  •                                                Os peixes / homens comem os mais pequenos.
  •                                                         Os peixes grandes comem os pequenos

  • Os homens comem não só o povo, mas a sua plebe . Os homens não só se comem, mas engolem-nos e devoram-nos . Os homens devoram e comem como se se tratasse de pão.

Aponta-se o terrível defeito que os peixes/homens têm de se comerem (explorarem) uns aos outros devido à sua cobiça desmedida, o que prova a sua crueldade, a sua maldade, a sua injustiça. 
Também se deixam enganar facilmente, movidos pela vaidade.
Comem-se os mortos e Comem-se os vivos:

a um réu comem-no o meirinho, 
o carcereiro, 
o escrivão, 
o solicitador, 
o inquiridor, 
o médico,
a testemunha,
 o julgador

 No último parágrafo, o orador tenta persuadir o auditório a mudar a sua conduta de antropafagia social (vício de se comerem uns aos outros).


  •                       Segunda Repreensão-  A IGNORÂNCIA E CEGUEIRA DOS PEIXES 

  • Caem tão facilmente no engodo da isca . Enganam facilmente os indígenas.

  •                               CONCLUSÃO- Os peixes /homens são muito cegos e ignorantes