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terça-feira, 22 de outubro de 2024

 Proposta de correção pág. 47


1.1 As repreensões aos peixes servem, indiretamente, para agitar as consciências dos homens e para os fazer refletir sobre os seus atos, caso não sirvam também para corrigir os seus comportamentos.

2. A circunstância de os peixes se comerem uns aos outros representa, por analogia, o facto de os homens maltratarem os seus semelhantes de diferentes maneiras. São, sobretudo, «os grandes», com mais poder (financeiro, institucional, social, etc.), que oprimem, exploram ou enganamos mais humildes («pequenos»).

3. Através de verbos que remetem para sensações visuais(«Olhai», «vedes»), o orador demonstra a «carnificina» (metafórica) nas cidades, onde os homens se «devoram» numa escala muito maior do que a que se vê entre os verdadeiros canibais do «Sertão». No primeiro caso, a antropofagia é social.


4. A citação bíblica expressa a repulsa do pregador por haver homens que «devoram» outros homens, como «um pedaço de pão». A transcrição do AntigoTestamento confere autoridade ao argumento do pregador e sublinha a condenação deste ato, que o texto sagrado reprova comveemência.

4.1  a) 2; b) 3.

5. Neste passo, censuram-se os homens pela sua ignorância («cegueira»), visto que a sua ambição por honrarias e títulos os levam a arriscar e a perder, por vezes, avida (na guerra).

6. O orador questiona os colonos do Maranhão sobre o modo como se deixam «pescar», ou seja, como são ludibriados. Na sua resposta, o orador acusa aqueles que se deixam levar pela vaidade, valorizando a beleza e a aparência: fascinam-se com os «trapos»(tecidos, roupas) que chegam de Portugal (já fora de moda) e endividam-se para os comprar.

7. Ao contrário de outros homens, Santo António não se deixou enganar nem se envaideceu, apesar de ser uma figura admirável. Desdenhou das futilidades do mundo e abraçou a vida religiosa.

8. Nos dois parágrafos finais deste capítulo, cumprem-se os objetivos do Sermão. A ideia de ensinar (docere) está presente no exemplo de Santo António, que repudiou sempre a vaidade(«Vede o vosso Santo António, que pouco o pôde enganar o mundo com essas vaidades.»).O efeito de deslumbrar(delectare)os ouvintes consegue-se pelo uso emotivo e artístico da linguagem, por exemplo, com recursos expressivos como a metáfora ou a interrogação retórica(«Não é maior ignorância, e maior cegueira deixares-vos enganar, ou deixares-vos tomar pelo beiço com duas tirinhas de pano?»).O efeito de persuadir (movere)alcança-se pela eficácia dos argumentos de Vieira e do exemplo de despojamento de Santo António, levando os ouvintes a mudar os seus comportamentos e, aqui, a desprezar a vaidade.