GRUPO I
1. Este
excerto, que foi retirado do Sermão de Santo António aos Peixes, está
situado no Capítulo III ao nível da estrutura externa e faz parte da primeira
confirmação, ao nível da estrutura interna, quando o orador destaca os louvores
dos peixes em particular.
2. 2. Tendo em conta
o excerto, a alegoria nele presente prende-se com a rémora.
A
interpretação literal que podemos retirar é que este peixe se liga ao leme de
uma nau, prendendo-a e amarrando-a, mesmo sendo “tão pequeno no corpo”.
Porém, a intenção do orador é destacar a
rémora como símbolo do poder da palavra (“tão grande na força e no poder”). A
língua de Santo António é vista como uma rémora na terra, visto que tem a
capacidade de domar as paixões humanas: soberba, cobiça, vingança e
sensualidade. É, assim, feita uma crítica social à fraqueza do ser humano que,
perante as paixões humanas, cede sempre à tentação de as escolher e de não obedecer
à razão, pois não revela força suficiente para resistir às futilidades do mundo.
3.
No
excerto, através da alegoria das naus, orador pretende criticar os vícios que
elas representam, de modo a consciencializar o auditório dos seus erros para
que os possa emendar.
Assim, em primeiro lugar, faz referência à
"Nau Soberba" (l.20), que representa o vício da arrogância,
apresentada aqui como defeito dos fúteis. (“ velas inchadas do vento”).
Em segundo
lugar, a "nau Vingança" (l.24), que nos remete para o facto do ser
humano ser vingativo e tem sempre "a artilharia abocada e os bota-fogos
acesos" (l.24).
Em último
lugar, a "nau Cobiça" (l.27), que refere que somos ambiciosos em
demasia e gananciosos, pois desejamos, às vezes com inveja, tudo o que não
temos, acumulando bens materiais de que não necessitamos "sobrecarregada
até às gáveas e aberta com o peso por todas as costuras…" (l. 28).
4.
Um dos recursos expressivos presentes no
excerto é o quiasmo (“alvedrio-razão; razão-alvedrio). Este pretende destacar
que a natureza do ser humano é composta por livre arbítrio e razão, já que o
ser humano é dotado de racionalidade. Mas em vez de se guiar por ela, na maior
parte das vezes, rejeita-a e prefere guiar-se pela vontade, agindo de forma menos
própria para consigo e para com os outros.
5.
No capítulo V do Sermão de Santo António, são enumerados vários tipos de peixes com
o intuito de evidenciar os seus vícios e, por semelhança, os defeitos dos
homens.
Um dos peixes
referidos são os pegadores. Pegam-se aos peixes maiores e vivem à custa deles,
pois usufruem da comida que estes caçam e nadam à boleia. No entanto, quando os
maiores morrem, os pegadores morrem com eles.
Estes peixes representam as pessoas
oportunistas que se aproveitam umas das outras, revelando-se parasitas sociais,
pois vivem à custa do outro e aproveitam-se dele, tornando-se ociosos e um
fardo para a sociedade, dado em nada contribuírem para a sua evolução. Um bom
exemplo, na atualidade, deste tipo de pessoas, são os que procuram a companhia
dos mais ricos, na tentativa de beneficiarem com esse conhecimento ou, ainda,
os que concorrem a reality shows
apenas com o objetivo de se fazerem notados para disso tirarem dividendos sem
muito esforço e trabalho.
6.
O Sermão de Santo António aos Peixes tem
como objetivo sensibilizar os homens para que mudem os seus comportamentos
condenáveis e, para isso, o orador usa os objetivos da eloquência, a fim de
persuadir o auditório.
Padre António Vieira recorre a três elementos para a eloquência do
Sermão.
Um deles é docere, que tem uma função didática e pedagógica. Para isso, usa
exemplos de autoridade, como citações do foro sagrado, referência à vida
exemplar de santos, textos bíblicos, obras de autores clássicos, bem como
recorrência à realidade observável para fundamentar o seu ponto de vista.
O
segundo é movere, com uma função
moralizadora, cujo objetivo é persuadir os homens a mudar as suas atitudes,
emendando os seus erros. Para isso, emprega um discurso apelativo, usando
interjeições, interrogações retóricas, apóstrofes, alteração do tom de voz e
uso de recursos expressivos com esta finalidade.
Por último, delectare, que
cumpre uma função estética, usando recursos expressivos (alegoria, metáfora,
comparação, anáfora, quiasmo…) para agradar aos ouvintes, de modo a que estes
se interessem pela mensagem do orador.
No excerto, podemos ver um exemplo do
primeiro, quando Vieira refere o Apóstolo Santiago, “naquela sua eloquentíssima
epístola, compara a língua ao leme da nau e ao freio do cavalo” (ll.11-13); de
“movere” “Oh, se houvera uma rémora na terra que tivesse tanta força como a do
mar, que menos perigos haveria na vida, e que menos naufrágios no mundo!”
(ll.6-9); e de “delectare” “O leme da natureza é o alvedrio; o piloto é a
razão: mas quão poucas vezes obedecem à razão os ímpetos precipitados do
alvedrio?” (ll-16-17).
Estes elementos conjugam-se simultaneamente de forma perfeita no Sermão de António Vieira.
(Agora só com as 120 palavras pedidas)
O
Sermão de Santo António aos Peixes visa
sensibilizar os homens para a mudança de comportamentos condenáveis e, para
isso, o orador usa os três objetivos da eloquência, a fim de persuadir o
auditório.
Um
deles é docere, cuja função
pedagógica pode ser comprovada no excerto, quando Vieira refere a epístola do Apóstolo
Santiago (ll.11-13).
O
segundo é movere, com uma função
moralizadora. Para isso, emprega um discurso apelativo, como se atesta em “Oh,
se houvera uma rémora na terra(…) (ll.6-9).
Por
último, delectare, que cumpre uma
função estética, usando recursos expressivos para agradar aos ouvintes, de modo
a que estes se interessem pela mensagem do orador, conforme é visível no
emprego do quiasmo, presente nas linhas 16 e 17.
GRUPO II
1. C
2. A
3. D
4. B
5. C
6. A
7. C
8. D
9. Oração coordenada
adversativa