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quarta-feira, 20 de novembro de 2024

 


Correção do 1ºTeste, a partir das respostas dos alunos (Turma C)

 



GRUPO I

 

1.    Este excerto, que foi retirado do Sermão de Santo António aos Peixes, está situado no Capítulo III ao nível da estrutura externa e faz parte da primeira confirmação, ao nível da estrutura interna, quando o orador destaca os louvores dos peixes em particular.

 

2.         2.      Tendo em conta o excerto, a alegoria nele presente prende-se com a rémora.

       A interpretação literal que podemos retirar é que este peixe se liga ao leme de uma nau, prendendo-a e amarrando-a, mesmo sendo “tão pequeno no corpo”.

      Porém, a intenção do orador é destacar a rémora como símbolo do poder da palavra (“tão grande na força e no poder”). A língua de Santo António é vista como uma rémora na terra, visto que tem a capacidade de domar as paixões humanas: soberba, cobiça, vingança e sensualidade. É, assim, feita uma crítica social à fraqueza do ser humano que, perante as paixões humanas, cede sempre à tentação de as escolher e de não obedecer à razão, pois não revela força suficiente para resistir às futilidades do mundo.

 

3.        No excerto, através da alegoria das naus, orador pretende criticar os vícios que elas representam, de modo a consciencializar o auditório dos seus erros para que os possa emendar.

   Assim, em primeiro lugar, faz referência à "Nau Soberba" (l.20), que representa o vício da arrogância, apresentada aqui como defeito dos fúteis. (“ velas inchadas do vento”).

   Em segundo lugar, a "nau Vingança" (l.24), que nos remete para o facto do ser humano ser vingativo e tem sempre "a artilharia abocada e os bota-fogos acesos" (l.24).

   Em último lugar, a "nau Cobiça" (l.27), que refere que somos ambiciosos em demasia e gananciosos, pois desejamos, às vezes com inveja, tudo o que não temos, acumulando bens materiais de que não necessitamos "sobrecarregada até às gáveas e aberta com o peso por todas as costuras…" (l. 28).

 

4.       Um dos recursos expressivos presentes no excerto é o quiasmo (“alvedrio-razão; razão-alvedrio). Este pretende destacar que a natureza do ser humano é composta por livre arbítrio e razão, já que o ser humano é dotado de racionalidade. Mas em vez de se guiar por ela, na maior parte das vezes, rejeita-a e prefere guiar-se pela vontade, agindo de forma menos própria para consigo e para com os outros.

 

5.       No capítulo V do Sermão de Santo António, são enumerados vários tipos de peixes com o intuito de evidenciar os seus vícios e, por semelhança, os defeitos dos homens.

        Um dos peixes referidos são os pegadores. Pegam-se aos peixes maiores e vivem à custa deles, pois usufruem da comida que estes caçam e nadam à boleia. No entanto, quando os maiores morrem, os pegadores morrem com eles.

      Estes peixes representam as pessoas oportunistas que se aproveitam umas das outras, revelando-se parasitas sociais, pois vivem à custa do outro e aproveitam-se dele, tornando-se ociosos e um fardo para a sociedade, dado em nada contribuírem para a sua evolução. Um bom exemplo, na atualidade, deste tipo de pessoas, são os que procuram a companhia dos mais ricos, na tentativa de beneficiarem com esse conhecimento ou, ainda, os que concorrem a reality shows apenas com o objetivo de se fazerem notados para disso tirarem dividendos sem muito esforço e trabalho.


6.    O Sermão de Santo António aos Peixes tem como objetivo sensibilizar os homens para que mudem os seus comportamentos condenáveis e, para isso, o orador usa os objetivos da eloquência, a fim de persuadir o auditório.

             Padre António Vieira recorre a três elementos para a eloquência do Sermão.

       Um deles é docere, que tem uma função didática e pedagógica. Para isso, usa exemplos de autoridade, como citações do foro sagrado, referência à vida exemplar de santos, textos bíblicos, obras de autores clássicos, bem como recorrência à realidade  observável  para fundamentar o seu ponto de vista.

       O segundo é movere, com uma função moralizadora, cujo objetivo é persuadir os homens a mudar as suas atitudes, emendando os seus erros. Para isso, emprega um discurso apelativo, usando interjeições, interrogações retóricas, apóstrofes, alteração do tom de voz e uso de recursos expressivos com esta finalidade.

     Por último, delectare, que cumpre uma função estética, usando recursos expressivos (alegoria, metáfora, comparação, anáfora, quiasmo…) para agradar aos ouvintes, de modo a que estes se interessem pela mensagem do orador.

       No excerto, podemos ver um exemplo do primeiro, quando Vieira refere o Apóstolo Santiago, “naquela sua eloquentíssima epístola, compara a língua ao leme da nau e ao freio do cavalo” (ll.11-13); de “movere” “Oh, se houvera uma rémora na terra que tivesse tanta força como a do mar, que menos perigos haveria na vida, e que menos naufrágios no mundo!” (ll.6-9); e de “delectare” “O leme da natureza é o alvedrio; o piloto é a razão: mas quão poucas vezes obedecem à razão os ímpetos precipitados do alvedrio?” (ll-16-17).

       Estes elementos conjugam-se simultaneamente de forma perfeita no Sermão de António Vieira.

(Agora só com as 120 palavras pedidas)

 

   O Sermão de Santo António aos Peixes visa sensibilizar os homens para a mudança de comportamentos condenáveis e, para isso, o orador usa os três objetivos da eloquência, a fim de persuadir o auditório.

   Um deles é docere, cuja função pedagógica pode ser comprovada no excerto, quando Vieira refere a epístola do Apóstolo Santiago (ll.11-13).

   O segundo é movere, com uma função moralizadora. Para isso, emprega um discurso apelativo, como se atesta em “Oh, se houvera uma rémora na terra(…) (ll.6-9).

  Por último, delectare, que cumpre uma função estética, usando recursos expressivos para agradar aos ouvintes, de modo a que estes se interessem pela mensagem do orador, conforme é visível no emprego do quiasmo, presente nas linhas 16 e 17.

 

GRUPO II

 

1. C

2. A

3. D

4. B

5. C

6. A

7. C

8. D

9. Oração coordenada adversativa