Correção págs. 35 e 41
C. A retoma do conceito predicável justifica-se pelo facto de Vieira mudar de auditório, passando a dirigir-se aos peixes. Logo, explora novamente as funções do «sal», associando-as às do Sermão.
2. Através da apóstrofe «irmãos peixes», o pregador identifica o destinatário do seu sermão – os peixes –, dando continuidade à apresentação dos louvores, através de um discurso alegórico, no qual usa os peixes como exemplo de virtudes ou vícios humanos.
Ao considerar os peixes «irmãos», o pregador estabelece a ligação com os homens, que são, de facto, o seu auditório real e a quem quer (in)diretamente atingir. Constrói-se, assim, a alegoria: os peixes – elementos concretos – são louvados e criticados, porém, no plano abstrato, pretende-se criticar os seres humanos.
3. No quarto parágrafo, Vieira elogia a atitude dos peixes, que vivem afastados dos homens, não se deixando domesticar, considerando que «se não fora natureza era grande prudência» (l. 39), numa clara crítica aos
homens, corrompidos e corruptores. Neste sentido, o episódio do Dilúvio constitui um exemplo de autoridade que comprova a opinião do pregador: só os peixes escaparam ao castigo universal, porque, de todos os animais do ar e da terra, apenas eles se mantiveram puros, longe do homem e da sua corrupção.
3.1 Sugestão: Há a presença do objetivo docere, através das referências a autores clássicos (l. 29), a exemplos bíblicos (l. 50) e Doutores da Igreja (l. 56). Está ainda presente o objetivo movere, através do conselho aos peixes para se manterem afastados dos homens (ll. 40-41), bem como a constatação de que o seu afastamento é a atitude mais prudente (destaque-se o uso do imperativo e do vocativo na linha 58).
4.
a) 1;
b) 2;
c) 3
Página 41
2 «Ah moradores do Maranhão, quanto eu vos pudera agora dizer neste caso! Abri, abri estas entranhas; vede, vede este coração. Mas ah sim, que me não lembrava! Eu não vos prego a vós, prego aos peixes.» (ll. 35-37)
– «Se eu pregara aos homens, e tivera a língua de Santo António, eu os fizera tremer.» (ll. 81-82)
3.
a) 3;
b) 2;
c) 1.