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domingo, 26 de janeiro de 2025

Rap Frei Luís de Sousa

 

                    Rap Frei Luís de Sousa 

I

Era uma vez uma família, bem organizada:

Pai, mãe, filha e criado, feliz

Que morava num palacete em Almada.

 

II

Ela, Madalena, tinha um receio

Qu’o primeiro marido regressasse d’Álcaçer Quibir

E lhe estragasse o enleio.

 

III

D.João de Portugal era o nome que temia,

Pois de quem gostava mesmo

Era do Manuel e sua filha Maria.

 

IV

O criado Telmo não a fazia esquecer.

Amava o seu amo, D.João,

E alimentava a ilusão d’o tornar a ver.

 

V

Entre medos e terrores, lá vivia o dia a dia.

Com agoiros e presságios, rodeada dos amores…

Era feliz por um lado, mas pelo outro sofria.

 

VI

Nesta altura Portugal estava entregue aos espanhóis.

Manuel era patriota e o seu maior desejo

Era mandá-los a todos pastar caracóis.

 

VII

Quando alguns deles quiseram hospedar-se em sua casa,

Preferiu incendiá-la, transformou-a numa brasa.

 

VIII

Então foram habitar o antigo palacete

De D. João de Portugal,

O marido ausente.

 

IX

Vivo ou morto, onde estaria

Ao final de tantos anos?

E se ele regressasse e lhe estragasse os planos?

 

X

Mas um dia disfarçado de romeiro

Ele lá voltou. Esteve no cativeiro,

Em Jerusalém, mas lá ele não ficou.

 

XI

Ao regressar, D. João destruiu a união d’uma família feliz.

O casal foi p’ró convento

E algo de muito mau aconteceu à petiz.

 

XII

Maria, esta filha muito amada,

Foi a sua maior vítima.

Ficou sem o pai e a mãe, e tornou-se ilegítima.

 

XIII

Ao ver-se desamparada e já sem ninguém no mundo,

Morre bem envergonhada, num sofrimento profundo.

 

XIV

Assim acaba esta história de triste memória.

Manuel é Frei Luís de Sousa,

E não sei se mal ou bem,

Romeiro, quem és tu?

Eu sou ninguém, ninguém, ninguém…

 

domingo, 19 de janeiro de 2025

Correção do 2ºTeste, a partir das respostas dos alunos

                                                              CORREÇÃO DO 2º TESTE (turma C)


Grupo I

1.  Nesta passagem textual, o orador, que elogia os peixes em geral, concentra-se em defender e apresentar aos peixes a sua tese: quanto mais longe os peixes se mantiverem dos homens, mais a salvo estão (ll. 10-11).

O Padre António Vieira elogia o facto de os peixes não serem domesticáveis e não terem “comunicação com os homens”, pois, caso a realidade fosse ao contrário, os peixes sofreriam as consequências como todos os outros animais domados que morreram no Dilúvio, sobrando apenas um macho e uma fêmea. Isto aconteceu, porque os homens são seres corruptos, orgulhosos e manipuladores, afetando e corrompendo tudo aquilo que contactam, sendo alvo dos castigos de Deus. (Matilde)


1. O orador Vieira defende que quanto mais longe dos homens melhor (l.10) e que, durante o Dilúvio, apenas os peixes sobreviveram em totalidade por serem os únicos animais afastados dos homens.(l.20) Vieira afirma a sua tese, explicitando que, durante o Dilúvio, apenas sobreviveram dois animais de cada espécie ("Dos leões escaparam dois, leão e leoa, e assim dos outros animais da terra..."(l.13), "...e assim das outras aves" (l.14/15) mas dos peixes "todos escaparam" (l.15), isto porque todos os outros animais eram mais domésticos e tinham mais comunicação com os homens (l.20), ao contrário dos peixes que nenhum contacto tinham com os mesmos ("...os peixes viviam longe, e retirados deles." (l.20)


2. Para comprovar a tese, Vieira usa dois argumentos de autoridade: Santo António e Santo Ambrósio. Enquanto Santo Ambrósio refere o facto de os peixes escaparem, pois vivam longe dos homens (“porque os outros animais como mais domésticos, ou mais vizinhos, tinham mais comunicação com os homens; os peixes viviam longe e retirados deles” ll.18 a 20). Santo António indica que se afastou dos homens e se dedicou à religião (“Para fugir dos homens deixou a casa de seus Pais, e se recolheu, ou acolheu a uma Religião, onde professasse perpétua clausura” ll.30 a 32).Estes dois santos mostram como viver longe dos homens era a melhor escolha, tendo como exemplo os peixes. (Lara Nunes)

Através das citações retiradas da bíblia, texto sagrado, das frases dos sábios, ou da vida de Santo António, confere-se maior autoridade às palavras do pregador, pois está a ser invocada a palavra de Deus ou os exemplos de quem a pôs em prática. Desta forma, reforça-se o poder argumentativo do sermão, pois sendo esses argumentos de cariz religioso, adquirem um maior poder de persuasão.


3. A linguagem barroca é conhecida por ser exuberante, com um nível de língua cuidado, cheia de riqueza e complexidade, com muitos recursos expressivos, e uso de expressões em latim, como podemos comprovar no texto do sermão.

 Neste excerto é possível detetar recursos expressivos, tais como a enumeração, "Dos animais terrestes o cão é tão doméstico, o cavalo tão sujeito, o boi tão serviçal, o bugio tão amigo , ou tão lisonjeiro, e até os leões, e os tigres com arte, e benefícios se amansam."(II.2 a 4); a anáfora, que se traduz numa repetição de palavras para dar ênfase ao que está escrito; é possível encontrar uma gradação que é utilizada para intensificar algo de forma crescente. (Luana)

Ainda podemos detetar o paralelismo, pois há uma constante repetição de palavras e ideias ao longo do 1º parágrafo. Nas linhas 2 e 3, podemos observar uma repetição das conjunções e/ou e do advérbio "tão"; nas linhas 5 e 6, o pronome pessoal "nos"; presente nas linhas 7 e 8, existe uma repetição da expressão "lá se". 

Conclui-se, assim, que a exuberância da linguagem barroca está presente, entre outros aspetos, nos inúmeros recursos expressivos que o texto apresenta.


4. A Farsa de Inês Pereira, aos olhos dos comuns, tratava-se apenas de uma peça cómica sobre uma jovem que tinha o sonho de se casar com um homem que atendesse a todas as suas exigências. Mas, quem perdia tempo a pensar sobre esta obra, apercebia-se que se tratava de algo mais, uma crítica.

  Ao longo desta obra, todas as classes são criticadas pelo seu modo de vida e pelas suas escolhas através de personagens-tipo, ou seja, personagens que representavam essas classes. O Clero foi, possivelmente, o grupo mais criticado em toda a obra. Desde o início, quando Lianor Vaz chega ao pé de Inês e da Mãe queixando-se de que um membro do Clero a havia assediado e sido violento com ela. Também mais tarde na peça, quando Inês se vai encontrar amorosamente com o Ermitão que também pertence ao Clero. Ambos estes exemplos servem para criticar a falta de compromisso com o voto de celibato que os membros do Clero tinham, e também a falta de discernimento dos mesmos.

  Gil Vicente utilizou esta peça como modo de crítica para tentar chamar a atenção para os problemas do seu tempo, que ainda são bastante atuais. Embora não seja claramente visível, o dramaturgo estava à frente do seu tempo.(Madalena)


Grupo II

1.1- B

1.2- A

1.3- D

1.4- B

1.5- B

1.6- B

1.7- B

2.1-  O itálico está presente, porque se trata de um título de uma obra.

2.2 – oração subordinada adverbial consecutiva.

GRUPO III

  A escola, desde a primeira vez que se ouviu falar nela, tem sido o sítio onde a nossa identidade pessoal é moldada e onde o nosso pensamento crítico é desenvolvido.

  Em primeiro lugar, se ninguém fosse à escola não haveria pessoas com as qualificações necessárias para exercer qualquer função que fosse. Quem é que seriam os nossos médicos? Quem é que seriam os nossos advogados? Quem é que seriam os nossos professores?

  Se pensarmos bem, a escola é a base para uma sociedade capaz de entender.

  Em segundo lugar, a escola não é só um sítio de formação intelectual, é também um sítio de formação pessoal. A partir do momento em que entramos pela primeira vez na escola a nossa identidade começa a ser formada.

  Imaginemos uma sociedade onde ninguém ia à escola. Todos os jovens, todas as crianças ficavam em casa todos os dias. Como é que estas pessoas iriam evoluir na sociedade e tornar-se pessoas com capacidades intelectuais? Não iam. É por esta mesma razão que eu acho que a escola é essencial na formação de um ser humano.

Em suma, a escola é onde nós crescemos, evoluímos e nos tornamos em quem somos hoje em dia.(Laura)

                                                 ........................................./..................................

  A escola é fundamental para a formação de um ser humano, que raciocina, sente e deseja. É, no nosso país, um centro de passagem obrigatória na infância e na adolescência, mas não nos ensina apenas os conteúdos das diversas disciplinas.

  Além de nos ensinar a ser críticos, de nos ensinar a relacionar factos e de nos fazer entender o passado para proteger o futuro, também nos ensina a ser melhores pessoas. A escola incentiva-nos a ajudar o outro, a nos relacionarmos, a proteger os mais fracos e amar. A escola é uma prova viva de que juntos somos mais fortes. Ensina-nos a ouvir, mas também a nos expressar e ensina-nos que se sonhamos e desejamos atingir algo, devemos lutar para nos concretizarmos.

  O efeito da escola faz-se sentir, por exemplo, nos jovens que não têm uma base familiar forte. Na escola, com a ajuda dos professores, auxiliares e de alguns colegas, sentem o apoio de que precisam e algum carinho.

   Assim, a escola é fundamental para criar melhores pessoas e, consequentemente, um mundo melhor. No entanto, devia ser um direito universal e não só de acesso fácil nalguns países. (Ana Leonor) 


                                                    ........................................./..................................

  Todos os seres humanos têm direitos, sendo um deles o direito à educação. A escola é para todos e, citando Nelson Mandela, «Eu só posso ser Pessoa através das outras Pessoas», ou seja, temos de aprender com os outros para crescermos individualmente. E que melhor sítio para aprender senão a escola?

A escola é um espaço onde aprendemos muito do que levamos para a vida, não só o sistema digestivo e a Revolução Francesa, mas também como trabalhar e conviver com os outros  e como lutar contra as adversidades da vida.

As aprendizagens que retiramos da escola são importantes na nossa formação, não só no modo como nos dá oportunidades para ter sucesso na vida como também de tornarmos esta sociedade melhor e mais instruída, talvez até para conseguirmos evitar conflitos e conseguirmos trabalhar todos para o bem comum e não o individual. Em muitos países esse direito à educação é violado, e as crianças que não têm formação nunca vão ter as mesmas oportunidades e conhecimentos do que as que tiveram acesso a ela, e, como consequência, esses países nunca serão instruídos como os outros.

A escola é importante nas nossas vidas, porque nos prepara para a vida adulta e porque nos dá oportunidades únicas de tornarmos esta sociedade melhor. (Madalena)


                  ..................................................................../.........................................................

   Se me perguntassem, agora,  “a escola é importante?”, eu iria dizer que sim, mas talvez um pouco contrariada; porém, se parar para pensar na pessoa que sou hoje, acho que já não responderia tão contrariada.

            Ao pensar na escola e naquilo que aprendemos, lembramo-nos logo da parte considerada “chata”, a formação de rochas, as datas de nascimento dos reis, as orações… (embora às vezes até seja divertido). Mas esquecemo-nos que foi na escola que aprendemos os mais importantes valores. Foi a comunicar com os nossos colegas que desenvolvemos a empatia e a capacidade de trabalhar em equipa. Foi nos trabalhos de grupo que aprendemos como comunicar corretamente com os outros. Foi através do estudo que nós desenvolvemos autonomia e proatividade. Eu sou como sou porque estou na escola.

         Mesmo que às vezes vá à escola com falta de vontade, o meu futuro está determinado pelas coisas interessantes que aprendo na escola, e sou feliz por isso.

              Em suma, acho que devíamos dar mais valor às pequenas grandes coisas que aprendemos na escola, pois  sem ela não seríamos as pessoas que somos hoje. (Matilde)



domingo, 12 de janeiro de 2025

Sófocles, Rei Édipo








SÓFOCLES

Sófocles (497 - 406 a. C) foi um dramaturgo grego. A sua obra-prima Édipo Rei  consagrou-o como o maior poeta trágico da Antiguidade Grega. Viveu  num período áureo da Grécia, sob o governo de Péricles. 
Sófocles, Ésquilo e Eurípedes foram considerados os três grandes poetas dramáticos da Grécia Antiga.


 Sófocles nasceu em Colono, cidade perto de Atenas, por volta de 497 a. C. Era filho de um rico fabricante de armaduras, fazia parte de classe elevada e recebeu boa educação.

Com 16 anos, pela sua beleza física,  bravura e seu talento musical, Sófocles foi escolhido para dirigir o (paean) canto coral aos deuses, para celebrar a vitória sobre os persas na batalha de Salamina.

Pelo seu gosto artístico e pelo equilíbrio do seu carácter pode ser considerado o Ateniense ideal. Nunca abandonou a Ática, onde morreu com 80 anos sem nunca ter estado doente.

Compôs mais de cem peças de teatro, mas até nós chegaram apenas sete: Ájax, Electra, Édipo Rei, Édito em Colono, Antígona, Traquínias e Filoctetes.

Ésquilo havia lançado as bases do género trágico. Coube a Sófocles levá-lo à perfeição, para o que contribuíram algumas inovações. O poeta dramático Sófocles inovou a técnica e a construção do teatro grego de seu tempo, quando acrescentou um terceiro ator aos dois já empregados por Ésquilo, permitindo ampliar o número de personagens, uma vez que um ator desempenhava vários papéis.

O tema principal é o destino do personagem central, do herói que sofre e é destruído.


O que é complexo de Édipo e Electra?

O complexo de Édipo é um conceito que foi defendido pelo psicanalista Sigmund Freud, que se refere a uma fase de desenvolvimento psicossexual da criança, chamada fase fálica, em que ela começa a sentir desejo por sua mãe e ódio e ciúme de seu pai. Este complexo acontece em meninos, enquanto que nas meninas recebe o nome de complexo de Electra.

Electra traduz o conflito entre mãe e filha, repleto de fantasias de morte, suicídio e ódio, que leva ao sadismo e também ao masoquismo.

 Os mitos de Édipo e de Electra diferem na sua essência – mesmo que ambos tratem da rivalidade com o progenitor do mesmo sexo e do amor pelo progenitor do sexo oposto.

Proposta de Correção do 2º Teste

 

                                              Teste de Português-11ºB- 2º TESTE 

GRUPO I

 

1.               A tese defendida pelo orador Vieira nesta passagem textual prende-se com o facto de "... os peixes irracionais se tinham convertido em homens, e os homens não em peixes, mas em feras." É a partir desta frase que o Padre vai argumentar e dar exemplos que comprovam que os peixes se tinham tornado seres racionais, com razão e com virtudes e os homens se tinham tornado seres maus, com vícios e defeitos.(“os homens tinham a razão sem o uso e os peixes o uso sem a razão”). Esses argumentos são citações bíblicas e os exemplos são de sábios, de modo a que não possam ser descredibilizados, dando assim veracidade ao seu discurso. Nesse discurso, irá louvar os peixes, estando assim a expor os vícios dos homens.

 

1.           A tese que o orador defende é que os homens têm a razão mas não o uso, e os peixes têm o uso mas sem a razão. Isto comprova-se pois, ao longo da passagem, Padre António Vieira vai louvando os peixes por serem obedientes, por saberem ouvir e por respeitar os pregadores cristãos, enquanto critica os homens por não terem essas capacidades, já que mesmo tendo sido “abençoados” por Deus com a dádiva da razão, não a usam e os peixes, não tendo a razão, fazem o bem. (Levi)

                                                    -----------/-----------

2.       Padre António Vieira justifica a tese ao longo deste excerto. Um dos argumentos apresentado foi o facto de os homens terem atirado Jonas do barco, diretamente para o mar, com o intuito de o deixarem ser comido, pois o barco estava demasiado pesado. Outro argumento foi a atitude impulsiva e dogmática dos homens, quando decidiram perseguir Santo António, pois este era puro, sem maldade, e queria doutrinar e ensinar os homens a tornarem-se como ele. Estes, que não se quiseram deixar doutrinar, com ações imaturas e inadequadas, pensaram em matá-lo.

    Através das citações retiradas da bíblia, texto sagrado, das frases dos sábios, ou da vida de Santo António, confere-se maior autoridade às palavras do pregador, pois está a ser invocada a palavra de Deus ou os exemplos de quem a pôs em prática. Desta forma, reforça-se o poder argumentativo do sermão, pois sendo esses argumentos de cariz religioso, adquirem um maior poder de persuasão.

 

2. Padre António Vieira inicia os seus argumentos com o nomear do grande exemplo: Santo António (“de seu servo António” l.4). Através do exemplo, descrito por Vieira, e que confere mais uma virtude aos peixes, a obediência, comprovando a tese desse excerto. Este salienta a atenção dos peixes com que ouviram as palavras de Santo António (“ é aquela obediência, com que chamados acudistes todos pela honra de vosso Criador e Senhor, e aquela ordem, quietação e atenção com que ouvistes a palavra de Deus” ll.2-4).

    Além disso, Padre António Vieira menciona outro acontecimento, neste caso, com Jonas, pregador da palavra de Deus (“Jonas, pregador do mesmo Deus” l.18) que comprova a tese enunciada. Jonas foi lançado ao mar pelos homens e o peixe que o comeu levou-o até às praias de Nínive, para que este fizesse e continuasse a fazer o seu papel (“Os homens lançaram-no ao mar a ser comido dos peixes, e o peixe que o comeu, levou-o às praias de Nínive, para que lá pregasse e salvasse aqueles homens. ll.19-21). Deste modo, é também apresentado mais virtudes: “respeito e devoção” (l.16). (Carolina)

                                               ----------/----------


        3. Uma das características da linguagem barroca é a sua riqueza e complexidade, com bastantes recursos expressivos e o uso de interjeições, exclamações e interrogações retóricas, que tornam o discurso emotivo e dramático.

     Assim, podemos identificar, neste excerto, o uso de interjeições (“Oh” l.5) que contribuem para a emotividade do Sermão, bem como o uso de exclamações (“Oh, grande louvor verdadeiramente para os peixes, e grande afronta e confusão para os homens!” ll.5-6). Além disso, as interrogações retóricas (“Quem olhasse neste passo para o mar e para a terra, e visse na terra os homens tão furiosos e obstinados e no mar os peixes tão quietos e tão devotos, que havia de dizer? ll.11-12) que contribuem, por sua vez, na persuasão dos ouvintes e para deixar o sermão mais dramático. (Francisca)

         Nas linhas 11 e 12 está presente uma antítese: "... na terra os homens tão furiosos e obstinados e no mar os peixes tão quietos e devotos...". Aqui são utilizadas duas ideias contrárias para mostrar as más atitudes dos homens que são contrárias às dos peixes, quando devia ser o oposto.

         Nas linhas 14 e 15 está presente um quiasmo: "Aos homens deu Deus o uso da razão, e não aos peixes; mas neste caso os homens tinham a razão sem o uso, e os peixes o uso sem a razão." Pretende-se referir que os homens que são racionais, não dão o uso correto à razão, enquanto que os peixes que não são racionais, sabem escutar e praticar as melhores ações, mesmo sem a posse da razão.

                                          ---------------/-------------

       4. A representação da sociedade na poesia medieval galego-portuguesa  contribui para o conhecimento pormenorizado e claro da mesma, principalmente no que respeita às relações amorosas. Tal é referido nas cantigas da época.

     As cantigas de amigo têm sempre uma voz feminina, como sujeito poético. Uma donzela apaixonada e saudosa que expressa os seus sentimentos pelo seu amado (“amigo”) Tinha como confidentes amorosas, a sua mãe, as suas amigas e a Natureza (que simbolizava também certos sentimentos da donzela e o local dos seus encontros amorosos). O poema “Ai flores, ai flores do verde pino” demonstra uma situação em que a Natureza é um interlocutor da donzela. A jovem por vezes sentia-se feliz com o seu amor, saudosa, preocupada ou até ciumenta.

     Por outro lado, as cantigas de amor possuem como sujeito poético uma voz masculina. Um trovador apaixonado que canta e elogia uma mulher de condição superior a quem ele chama de “minha senhor” e a quem presta vassalagem amorosa. No entanto, a não correspondência amorosa e a indiferença da mulher amada levam o sujeito à “coita do amor” (sofrimento amoroso). Ele expressa o desespero, a loucura ou até mesmo a morte d’amor. No poema “Se eu pudesse desamar”, o refrão demonstra que o trovador sofre tanto por não conseguir ser correspondido no seu  amor, que chega ao ponto de desejar que a sua amada sofra tanto como ele sofre por ela. 

     Analisando a lírica trovadoresca, concluímos que, através do estudo da mesma, obtemos um bom conhecimento dos usos e costumes da sociedade da época medieval. (Sofia)

                                               -----------------/--------------

Grupo II

1.C 

 2.B 

 3.C  

 4.B 

 5.D 

 6.C 

 7.A

2.1- O itálico está presente, porque se trata de um título de uma obra.

2.2- Oração subordinada adverbial consecutiva

                                  ----------------------------/-------------------------------


GRUPO III

                    

  Considero que cada aluno tem responsabilidade pela sua própria educação e da forma como se dedica a esta.

   A educação é crucial e imprescindível para todos, e não deve ser nunca subestimada ou desvalorizada. Mesmo com as melhores condições de aprendizagem e com apoio de familiares e de professores, o sucesso e o potencial não estão assegurados. É importante que cada aluno tenha consciência de que o seu futuro e da sociedade dependem dele.

    Além disso, a educação não é um caminho fácil, tem os seus obstáculos; põe-nos à prova e testa a nossa persistência e determinação. Por isso, é necessário ter foco e garra para aproveitar ao máximo as capacidades e assegurar, assim, uma educação digna e, consequentemente, um futuro melhor.

   Por exemplo, o próprio Barack Obama tinha de estudar de madrugada com a sua mãe, algo que para muitos poderia ser um entrave à sua educação, acabando por desistir. Contudo, ele trabalhou e nunca desistiu dos seus estudos, conseguindo ultrapassar barreiras, graças à sua mentalidade forte e ambição. Uma prova disso é o facto de ter conseguido ser presidente dos Estados Unidos, uma posição árdua de se conquistar.

     Concluindo, por mais que fatores externos possam facilitar ou não a educação, esta tem de ser assegurada, principalmente, pelos alunos. A sua dedicação é crucial e importantíssima para o sucesso futuro e para a realização dos objetivos. (Francisca)


                                                                                                §§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§


   Eu considero- me apoiante da visão do Barack Obama, na responsabilidade que cada aluno tem na sua educação.

   Os alunos, cada vez mais, estão a perder o interesse e a vontade de aprender, não assumindo as suas responsabilidades escolares, perdendo, assim, conhecimentos importantes.

    Os alunos devem ser curiosos e empenharem-se em abrir os seus horizontes, não se deixando conformar com as suas dúvidas e pensamentos, devendo aceitar que os seus questionamentos serão respondidos, aumentando a sua educação, de forma que na vida adulta possam tomar decisões mais conscientes e mais informadas. 

     Nos dias que vivemos, onde estamos constantemente expostos a informação nova, não temos desculpa em não nos informarmos e descobrir novos conhecimentos e competências, podendo estes determinar o rumo do nosso futuro. O próprio Barack Obama é um bom exemplo da determinação e responsabilidade que nos deve guiar, pois foi graças ao esforço que ele e a sua mãe tiveram, no início do seu percurso, que chegou a Presidente dos Estados Unidos.

     Em conclusão, reitero a minha opinião de que o aluno tem de assumir a responsabilidade pela sua educação, de forma a tomar as decisões mais conscientes no futuro. (Filipe Deniz)









 


SOLUÇÕES MANUAL

 







2.1 Nesta cena, o leitor/espectador fica a saber que, após ter incendiado o seu palácio para afrontar os governadores ao serviço de Espanha, Manuel de Sousa Coutinho teve de se esconder para não ser punido pelo seu ato. Contudo, «oito dias» volvidos, os governantes foram persuadidos a esquecer a afronta e operigo que pairava sobre o pai de Maria desvaneceu-se.


3. Madalena ficou inicialmente muito inquieta com o incêndio do palácio onde vivia e com a mudança da família para o palácio do seu primeiro marido; ficou também bastante receosa por Manuel de Sousa ter desafiado os governadores do reino. Contudo, nesta cena, está mais serena («dorme em sossego»), porque os governadores já não pretendem punir Manuel de Sousa e porque estar no palácio de D. João já não a deixa em sobressalto.

4. Inicialmente, Telmo revela consideração e estima por Manuel de Sousa, mas não tem por ele a reverência que nutria pelo primeiro amo, D. João. Contudo, após Sousa Coutinho ter dado provas do seu elevado patriotismo, ao incendiar o próprio palácio, nasce no velho aio uma admiração enorme e um grande respeito pelo segundo amo. 

5.1 A destruição do retrato de Manuel, pelas chamas, e a presença do retrato de D. João são vistos como prenúncios de desgraça. Estes presságios inspiram grande receio e inquietação em D. Madalena e em Maria, que veem neles sinais de uma tragédia que se abaterá sobre a família. 
6. Os três retratos destacados na sala (de D. Sebastião, de D. João de Portugal e de Camões) aludem à ideia do velho Portugal, que sofreu um golpe fatal na batalha de Alcácer Quibir (e veio a perder a independência). Essa realidade que desapareceu é aqui representada pela sua figura de proa, o rei), por um destacado membro da nobreza (D. João) e pelo poeta que celebrou a antiga glória do reino e do império (Camões). 

                                           Gramática


Soluções págs. 120 e 121

1. Nas cenas IV e V, Frei Jorge confirma a D. Manuel de Sousa Coutinho já não haver perigo de retaliações por parte dos governadores. D. Madalena, já restabelecida e bem-disposta, junta-se aos demais. No entanto, a sua boa-disposição é passageira, pois fica apreensiva ao saber que o marido tem de ir a Lisboa, agradecer ao arcebispo, e que Maria tenciona acompanhar o pai para conhecer Soror Joana. As apreensões aumentam por ser sexta-feira, dia que ela considera fatídico. 


2. D. Madalena insiste para que Telmo a acompanhe, uma vez que quer evitar a repetição das acusações feitas por Telmo (por exemplo, no diálogo da cena II do ato I), não querendo relembrar as razões da sua angústia: as dúvidas que a assaltam relativamente a D. João.



3. D. Madalena revela-se muito carinhosa com Maria e zelosa pelo seu bem-estar, procurando que nada lhe aconteça. Maria, por sua vez, tenta acalmar a mãe; no entanto, sente-se profundamente abalada com a tristeza que esta deixa transparecer. 

4. A evocação de D. Joana de Castro surge a propósito de Maria a querer conhecer. D. Madalena admira-a pela força e pela virtude demonstradas na abdicação dos bens e amor terrenos. Não se vê capaz de tais «perfeições», considerando a atitude dos condes como uma assunção de morte. Poder-se-á deduzir, das suas palavras, um pressentimento da sua própria desgraça, o estabelecimento de um paralelo entre a sua situação e a de Soror Joana: a separação do homem que ama. 

5. O monólogo de Frei Jorge na cena IX coloca em evidência a sua apreensão face à situação vivenciada. As suas palavras denunciam que a racionalidade que o caracteriza, bem como a sua constante rejeição de agouros, são postas em causa pelo ambiente de desgraça que envolve a sua família, vendo-se ele próprio invadido pelo mesmo. Assim, o seu monólogo constitui mais um forte indício de um final trágico. 


6.1 Aquela sexta-feira é um «dia fatal» para D. Madalena por ter sido precisamente neste dia que: – casou pela primeira vez (com D. João de Portugal); – se deu a derrota em Alcácer Quibir, na qual desapareceram D. Sebastião e D. João de Portugal; – viu pela primeira vez Manuel de Sousa Coutinho, por quem se apaixonou.

6.2 Com estas palavras, Madalena alude à instabilidade: – do tempo, referindo-se aos ventos e às marés; – da própria vida (até ao momento aparentemente calma), constituindo um indício das mudanças que se aproximam.

6.3 A ação localiza-se no dia 4 de agosto de 1599: o dia e o mês são os da batalha de Alcácer Quibir; a batalha deu-se em 1578; procurou-se D. João durante 7 anos; D. Madalena e Manuel de Sousa Coutinho estão casados há 14 anos, logo, passaram 21 anos. 

Gramática pág. 121



Soluções pág. 128

1. Nesta cena é anunciada a chegada de um romeiro, que diz ter um recado e que só o transmitirá a D. Madalena.

2. Estas cenas localizam-se no conflito da obra, correspondendo ao desenlace do ato II: o Romeiro conta a D. Madalena que o seu primeiro marido está vivo. Após ser interrogado por Frei Jorge, esta personagem identifica-se como «Ninguém», apontando para o retrato de D. João de Portugal.


3. Delimitação em dois momentos: a) diálogo em que o Romeiro revela o local onde viveu durante 20 anos, o seu sofrimento e a perda da família, tendo apenas um amigo; b) revelações do Romeiro acerca da existência de D. João de Portugal (o que D. Madalena fica a saber) e a correspondência de ser ele próprio D. João de Portugal (o que apenas Frei Jorge fica a saber). Indícios da identidade do peregrino: c) português; d) cativo da batalha de Alcácer Quibir; e) morou nos Santos Lugares durante 20 anos; f) todos pensam que está morto; g) perda da família; h) a importância atribuída ao dia de «Hoje». 

4. As didascálias espelham o crescendo de emoções de D. Madalena, à medida que o Romeiro vai fornecendo mais informações. O terror e o sofrimento vão-se apoderando da personagem, como se pode verificar nas didascálias «aterrada», «na maior ansiedade» e «espavorida». 


5.1 D. Madalena sai precipitadamente da sala, revelando-se profundamente aterrada ao tomar consciência da sua situação de pecado e da ilegitimidade da filha, cuja debilidade física a preocupa. A sua saída de cena é anterior à identificação da personagem do Romeiro com o retrato de D. João de Portugal, impossibilitando-a de um reconhecimento completo acerca de quem é de facto o Romeiro. 

6.1 «Ninguém» é um pronome indefinido, logo D. João de Portugal, quando se identifica através deste vocábulo, anula-se enquanto pessoa, já que não tem existência para os outros: a sua família construiu, a partir da sua «morte», uma nova estrutura familiar. 

7. a) O aparecimento do Romeiro. b) O Romeiro informa que D. João de Portugal está vivo. c) O duplo reconhecimento: D. Madalena apenas sabe que o primeiro marido está vivo; Frei Jorge sabe que o Romeiro é D. João de Portugal. d) A profunda dor de D. Madalena ao ouvir que o primeiro marido está vivo, o que conduzirá à destruição da sua nova família.