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domingo, 12 de janeiro de 2025

SOLUÇÕES MANUAL

 







2.1 Nesta cena, o leitor/espectador fica a saber que, após ter incendiado o seu palácio para afrontar os governadores ao serviço de Espanha, Manuel de Sousa Coutinho teve de se esconder para não ser punido pelo seu ato. Contudo, «oito dias» volvidos, os governantes foram persuadidos a esquecer a afronta e operigo que pairava sobre o pai de Maria desvaneceu-se.


3. Madalena ficou inicialmente muito inquieta com o incêndio do palácio onde vivia e com a mudança da família para o palácio do seu primeiro marido; ficou também bastante receosa por Manuel de Sousa ter desafiado os governadores do reino. Contudo, nesta cena, está mais serena («dorme em sossego»), porque os governadores já não pretendem punir Manuel de Sousa e porque estar no palácio de D. João já não a deixa em sobressalto.

4. Inicialmente, Telmo revela consideração e estima por Manuel de Sousa, mas não tem por ele a reverência que nutria pelo primeiro amo, D. João. Contudo, após Sousa Coutinho ter dado provas do seu elevado patriotismo, ao incendiar o próprio palácio, nasce no velho aio uma admiração enorme e um grande respeito pelo segundo amo. 

5.1 A destruição do retrato de Manuel, pelas chamas, e a presença do retrato de D. João são vistos como prenúncios de desgraça. Estes presságios inspiram grande receio e inquietação em D. Madalena e em Maria, que veem neles sinais de uma tragédia que se abaterá sobre a família. 
6. Os três retratos destacados na sala (de D. Sebastião, de D. João de Portugal e de Camões) aludem à ideia do velho Portugal, que sofreu um golpe fatal na batalha de Alcácer Quibir (e veio a perder a independência). Essa realidade que desapareceu é aqui representada pela sua figura de proa, o rei), por um destacado membro da nobreza (D. João) e pelo poeta que celebrou a antiga glória do reino e do império (Camões). 

                                           Gramática


Soluções págs. 120 e 121

1. Nas cenas IV e V, Frei Jorge confirma a D. Manuel de Sousa Coutinho já não haver perigo de retaliações por parte dos governadores. D. Madalena, já restabelecida e bem-disposta, junta-se aos demais. No entanto, a sua boa-disposição é passageira, pois fica apreensiva ao saber que o marido tem de ir a Lisboa, agradecer ao arcebispo, e que Maria tenciona acompanhar o pai para conhecer Soror Joana. As apreensões aumentam por ser sexta-feira, dia que ela considera fatídico. 


2. D. Madalena insiste para que Telmo a acompanhe, uma vez que quer evitar a repetição das acusações feitas por Telmo (por exemplo, no diálogo da cena II do ato I), não querendo relembrar as razões da sua angústia: as dúvidas que a assaltam relativamente a D. João.



3. D. Madalena revela-se muito carinhosa com Maria e zelosa pelo seu bem-estar, procurando que nada lhe aconteça. Maria, por sua vez, tenta acalmar a mãe; no entanto, sente-se profundamente abalada com a tristeza que esta deixa transparecer. 

4. A evocação de D. Joana de Castro surge a propósito de Maria a querer conhecer. D. Madalena admira-a pela força e pela virtude demonstradas na abdicação dos bens e amor terrenos. Não se vê capaz de tais «perfeições», considerando a atitude dos condes como uma assunção de morte. Poder-se-á deduzir, das suas palavras, um pressentimento da sua própria desgraça, o estabelecimento de um paralelo entre a sua situação e a de Soror Joana: a separação do homem que ama. 

5. O monólogo de Frei Jorge na cena IX coloca em evidência a sua apreensão face à situação vivenciada. As suas palavras denunciam que a racionalidade que o caracteriza, bem como a sua constante rejeição de agouros, são postas em causa pelo ambiente de desgraça que envolve a sua família, vendo-se ele próprio invadido pelo mesmo. Assim, o seu monólogo constitui mais um forte indício de um final trágico. 


6.1 Aquela sexta-feira é um «dia fatal» para D. Madalena por ter sido precisamente neste dia que: – casou pela primeira vez (com D. João de Portugal); – se deu a derrota em Alcácer Quibir, na qual desapareceram D. Sebastião e D. João de Portugal; – viu pela primeira vez Manuel de Sousa Coutinho, por quem se apaixonou.

6.2 Com estas palavras, Madalena alude à instabilidade: – do tempo, referindo-se aos ventos e às marés; – da própria vida (até ao momento aparentemente calma), constituindo um indício das mudanças que se aproximam.

6.3 A ação localiza-se no dia 4 de agosto de 1599: o dia e o mês são os da batalha de Alcácer Quibir; a batalha deu-se em 1578; procurou-se D. João durante 7 anos; D. Madalena e Manuel de Sousa Coutinho estão casados há 14 anos, logo, passaram 21 anos. 

Gramática pág. 121



Soluções pág. 128

1. Nesta cena é anunciada a chegada de um romeiro, que diz ter um recado e que só o transmitirá a D. Madalena.

2. Estas cenas localizam-se no conflito da obra, correspondendo ao desenlace do ato II: o Romeiro conta a D. Madalena que o seu primeiro marido está vivo. Após ser interrogado por Frei Jorge, esta personagem identifica-se como «Ninguém», apontando para o retrato de D. João de Portugal.


3. Delimitação em dois momentos: a) diálogo em que o Romeiro revela o local onde viveu durante 20 anos, o seu sofrimento e a perda da família, tendo apenas um amigo; b) revelações do Romeiro acerca da existência de D. João de Portugal (o que D. Madalena fica a saber) e a correspondência de ser ele próprio D. João de Portugal (o que apenas Frei Jorge fica a saber). Indícios da identidade do peregrino: c) português; d) cativo da batalha de Alcácer Quibir; e) morou nos Santos Lugares durante 20 anos; f) todos pensam que está morto; g) perda da família; h) a importância atribuída ao dia de «Hoje». 

4. As didascálias espelham o crescendo de emoções de D. Madalena, à medida que o Romeiro vai fornecendo mais informações. O terror e o sofrimento vão-se apoderando da personagem, como se pode verificar nas didascálias «aterrada», «na maior ansiedade» e «espavorida». 


5.1 D. Madalena sai precipitadamente da sala, revelando-se profundamente aterrada ao tomar consciência da sua situação de pecado e da ilegitimidade da filha, cuja debilidade física a preocupa. A sua saída de cena é anterior à identificação da personagem do Romeiro com o retrato de D. João de Portugal, impossibilitando-a de um reconhecimento completo acerca de quem é de facto o Romeiro. 

6.1 «Ninguém» é um pronome indefinido, logo D. João de Portugal, quando se identifica através deste vocábulo, anula-se enquanto pessoa, já que não tem existência para os outros: a sua família construiu, a partir da sua «morte», uma nova estrutura familiar. 

7. a) O aparecimento do Romeiro. b) O Romeiro informa que D. João de Portugal está vivo. c) O duplo reconhecimento: D. Madalena apenas sabe que o primeiro marido está vivo; Frei Jorge sabe que o Romeiro é D. João de Portugal. d) A profunda dor de D. Madalena ao ouvir que o primeiro marido está vivo, o que conduzirá à destruição da sua nova família.