dolorosos na separação entre duas pessoas. Munch consegue transmitir a intensidade das
emoções humanas, num momento caracterizado pela perda e pela tristeza.
No centro da tela, encontramos duas personagens, um homem e uma mulher, imersos nos seus sentimentos. O homem, apresenta-se no lado esquerdo do quadro, com um olhar triste e de introspeção. Já a mulher, situada do lado direito, admira o mar no horizonte, de costas para o parceiro. Salienta-se, também, as marcas existentes no corpo da mulher. O fundo do quadro é caracterizado pela presença de uma praia que se alonga na imensidão panorâmica. As cores escuras e sombrias, preto e azul, expõem a atmosfera de melancolia e de sofrimento. O cabelo claro da personagem contrasta com os tons
predominantes, estabelecendo o objetivo principal: destacar a mudança na vida destas duas personagens. Além disso, outro pormenor que dá voz à dor da separação está presente na ausência de contacto visual entre as duas pessoas. O cabelo esvoaçante da mulher é símbolo da mudança e da ânsia para voar numa era longe da alma aprisionada. Todavia, as marcas arredondadas notáveis na pele da mulher dão saliência aos eternos vestígios do pesadelo vivido até ao dia da separação. No fundo do quadro, visualizamos uma praia que, com a sua extensa dimensão, é metáfora para o sentimento de isolamento e desespero no meio de um mundo que continua a rodar em torno deles. A linha que separa a areia do mar espelha a distância tanto física como emocional, mas também a mudança entre o fim de um
capítulo e o princípio de outro com caminho para a beleza da vida que espera estas duas personagens.
Numa das interpretações possíveis, Munch representa, de forma genial, a liberdade sobreposta no sofrimento causado pela separação, num contexto amoroso. Efetivamente, podemos ver neste quadro uma crítica incrível às relações tóxicas presentes nos dias de hoje. Assim, sugere-se que nem sempre as relações com as pessoas que mais amamos, são harmoniosas e sinónimas de respeito, como simboliza o termo Amor, escondendo uma imensidão de imperfeições e defeitos.
Concluindo, o quadro intitulado de “Separação II”, toca-nos nos corações e remete-nos num caminho único e impressionante para a alma de Edvard Munch. Contudo, convida-nos a capturar a essência deste quadro, de forma singular e memorável.