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segunda-feira, 24 de março de 2025

Apreciação Crítica sobre o quadro "O Fado"


     A pintura “Fado”, obra de José Malhoa, foi criada em 1910 tendo grande importância na História da Arte Portuguesa. Com 150 cm de altura e 183 cm de largura, encontra-se, temporariamente, no Museu do Fado, apresentando-se como ícone da cultura popular. Observando a obra, é possível encontrar uma figura feminina e uma masculina, sentadas à mesa, dentro de uma casa simples. A sua decoração permite-nos saber que são cristãos, tendo em conta que há uma cruz desenhada num quadro de parede, e também pessoas humildes, visto que as paredes estão a perder a sua tinta, o chão está sujo e as roupas que vestem identificam-se com uma classe social mais desfavorecida.
      Analisando a obra, e atendendo às cores utilizadas, podemos destacar o vermelho, cor da espontaneidade, paixão e intensidade, o azul, intensificador da calma, paz, bondade e honestidade e ainda o castanho, símbolo da seriedade e segurança. Atendendo à iluminação que lhe foi atribuída, podemos reparar que a imagem da mulher parece mais aclarada, em relação ao resto da pintura, que
aparenta ser mais escura, como uma sombra. Há, assim, um contraste claro-escuro.
       A meu ver, a grande riqueza está na interpretação que é feita sobre cada elemento da pintura. Pelo cenário e pela presença de elementos como a guitarra, o vaso de manjerico, o leque e as bandarilhas, consigo supor que este interior pertence a uma típica casa portuguesa e, sendo assim, as personagens, que sugerem ser amantes, são de nacionalidade portuguesa. Parecem pertencer a uma classe baixa da
sociedade, pelos seus vícios, representados pelo cigarro e pelo vinho. Pela roupa que veste e por estar de cigarro na mão, apresentando-se desleixada, a mulher assemelha-se a uma prostituta, não sendo digna de tocar e cantar o fado, tal como as restantes mulheres da sua época. Já o homem, de roupa formal e postura correta, toca-o, cativando toda a atenção da sua mulher. Talvez esta canção não seja tão cruel
como uma prostituta, daí não ser tocada por ela. No meu ponto de vista, a amante, que se destaca na obra pela sua iluminação, representa o encanto do fado. Acredito que esta seja uma tentativa de personificar o fado e de retratar o quotidiano simples, mas belo, de um português.
     Por conseguinte, considero esta obra muito formosa, tendo-a admirado muito.
     O fado surge da mão do pintor José Malhoa e conquista os olhos de qualquer lusitano.
     Sente-se, com esta obra, o orgulho de ter nascido e de pertencer a este país.