A
pintura “Fado”, obra de José Malhoa, foi criada em 1910 tendo grande importância na História da Arte Portuguesa. Com 150 cm de altura e 183 cm de
largura, encontra-se, temporariamente, no Museu do Fado, apresentando-se como ícone da cultura popular. Observando a obra, é possível encontrar uma figura feminina e
uma masculina, sentadas à mesa, dentro de uma casa simples. A sua decoração
permite-nos saber que são cristãos, tendo em conta que há uma cruz desenhada num quadro de parede, e também pessoas humildes, visto que as paredes estão a perder a sua tinta, o chão está sujo e as roupas que vestem identificam-se com uma classe
social mais desfavorecida.
Analisando a obra, e atendendo às cores
utilizadas, podemos destacar o vermelho, cor da espontaneidade, paixão e intensidade, o azul, intensificador
da calma, paz, bondade e honestidade e ainda o castanho, símbolo da seriedade e segurança. Atendendo à iluminação que lhe foi atribuída, podemos reparar que a imagem da mulher parece mais aclarada, em relação ao resto da pintura, que
aparenta ser mais escura, como uma sombra. Há, assim, um contraste
claro-escuro.
A meu ver, a grande riqueza está na
interpretação que é feita sobre cada elemento da
pintura. Pelo cenário e pela presença de elementos como a guitarra, o vaso de manjerico, o leque e as bandarilhas, consigo supor que este interior
pertence a uma típica casa portuguesa e, sendo assim, as personagens, que sugerem ser amantes, são de nacionalidade portuguesa. Parecem pertencer a uma classe baixa
da
sociedade, pelos seus vícios, representados pelo cigarro e pelo vinho. Pela
roupa que veste e por estar de cigarro na mão, apresentando-se desleixada, a mulher assemelha-se a uma prostituta, não sendo digna de tocar e cantar o fado, tal
como as restantes mulheres da sua época. Já o homem, de roupa formal e postura correta, toca-o, cativando toda a atenção da sua mulher. Talvez esta canção não seja tão
cruel
como uma prostituta, daí não ser tocada por ela. No meu ponto de vista, a
amante, que se destaca na obra pela sua iluminação, representa o encanto do fado.
Acredito que esta seja uma tentativa de personificar o fado e de retratar o quotidiano
simples, mas belo, de um
português.
Por conseguinte, considero esta obra muito
formosa, tendo-a admirado muito.
O fado surge da mão do pintor José
Malhoa e conquista os olhos de qualquer lusitano.
Sente-se, com esta obra, o orgulho de ter
nascido e de pertencer a este país.