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quarta-feira, 21 de maio de 2025

 

Correção do Teste/Cenários de Resposta

Amor de Perdição e Farsa de Inês Pereira

1. Antes de se apaixonar por Teresa, Simão era um jovem rebelde, mau estudante, defensor dos ideais da revolução, violento nas suas ações. Este comportamento é visível no primeiro parágrafo do excerto: (“ferveu-lhe o sangue na cabeça”; teve tentações de matar”; “raivas e projetos de vingança”).

Após conhecer o amor, torna-se um homem diferente, e “a mudança do estudante maravilhou a academia”. Tornou-se sensato, “estudava com fervor”,  sendo o melhor da Academia.

Estas características contribuem para a construção do herói romântico, pois este é um ser repleto de contrastes, individualista, que luta contra as convenções que lhe são impostas, mas também nobre de caráter, possuidor de valores e um lutador na defesa dos seus ideais.

2. O bilhete que Teresa envia a Simão tem, entre outras, as funções de:

− estabelecer contacto com o seu amado;

− transmitir a Simão as últimas notícias, pondo o jovem ao corrente da decisão do pai dela de a encerrar num convento;

− confirmar o amor e a fidelidade recíprocos;

− esclarecer Simão sobre a forma de comunicarem, de trocarem cartas de amor;

− manifestar confiança na força da sua relação amorosa, apesar das dificuldades enfrentadas.

 

3. Quanto à presença, o narrador é heterodiegético, pois limita-se a narrar os acontecimentos, não fazendo parte deles como personagem, conforme se pode constatar  no excerto . Não obstante, assume uma posição subjetiva, pois revela -se parcial, ao mostrar a sua concordância com Simão, avaliando como sensata a decisão do jovem de partir para Coimbra (esperando “lá notícias de Teresa, e vir a ocultas [...] falar com ela» – l. 11): “Ajuizadamente discorrera ele que a sua demora agravaria a situação de Teresa.” (ll. 11 e 12).

 

4. A morte é um elemento presente tanto em Frei Luís de Sousa como em Amor de Perdição.

Um aspeto comum às duas obras é a presença de um herói romântico (D. Manuel em Frei Luís de Sousa e Simão em Amor de Perdição). Uma das características do herói romântico é a morte espiritual ou física.

Em ambas as obras, existe uma crise onde não existe saída aparente. As personagens são condicionados pelas regras impostas pela sociedade. A morte, para eles, acaba por ser a única solução encontrada. Para as personagens que desafiam as convenções sociais, a morte acaba por ser a solução encontrada para os conflitos entre o indivíduo e a sociedade.

A morte é também vista como uma libertação. Teresa e Simão, já no céu, poder-se-ão amar livremente, sem constrangimentos ou proibições: “(...) ou no céu (...) leal”- ll.20.  Maria, de Frei Luís de Sousa, alcançou a “coroa de glória”, pois esta “não se dá senão no céu”.

Concluímos, assim, que a morte nas obras românticas não é um fim e sim uma saída para solucionar conflitos e alcançar a felicidade.

 

5.  Nestas duas obras, conseguimos identificar duas personagens radicalmente opostas, Mariana e Inês Pereira.

    Primeiramente, Mariana é uma mulher com caráter nobre que se apaixona verdadeiramente por Simão, estando disposta a tudo por ele. É uma personagem generosa e empática, que se preocupa com o outro. Podemos comprovar através da forma como protegeu sempre Simão, ajudando com dinheiro, sendo mensageira de Teresa e dele, culminando com o seu suicídio por amor sincero e puro.

    Inversamente, Inês Pereira não se importa minimamente com o seu parceiro, procurando um casamento para  ascender socialmente e se libertar das tarefas domésticas em casa de sua mãe. Demonstra ser oportunista e calculista, quando casa com Pêro Marques, porque quer  ser livre, não se preocupando com o seu parceiro, aproveitando-se da sua ingenuidade e bondade. Além disso, podemos destacar a reação oposta que tiveram quando um membro do clero as tentou seduzir. Enquanto Mariana ignora e repreende esta devassidão do clero, Inês Pereira cai na tentação e comete adultério.

   Assim, estas personagens veem e sentem o amor de forma diferente, mostrando que Mariana é nobre de caráter, opondo-se à corrupção do clero, ao contrário de Inês Pereira, que apenas se preocupa com os seus próprios interesses.

segunda-feira, 5 de maio de 2025

Influências na poesia de Cesário Verde

 

           

      O Parnasianismo 

           Teoria da arte pela arte, do culto da musicalidade e do trabalho escultórico da língua.





         Surrealismo

 

    Movimento artístico, literário e cinematográfico que se desenvolveu a partir do dadaísmo por volta de 1922. Chefiados por André Breton, que apresentou o Manifesto Surrealista (1924), os surrealistas   procuraram formas de expressão imediatistas, comandadas por visões do subconsciente. Exploraram   variados estilos e técnicas, e o movimento tornou‑se na força dominante na arte ocidental entre as duas       grandes guerras mundiais.

      O surrealismo seguiu a teoria freudiana do inconsciente e a sua técnica de «associação livre», de modo a    iludir o controlo do consciente. Exemplo são as imagens oníricas pintadas num estilo realista (Salvador Dalí, René Magritte). Picasso trabalhou numa orientação surrealista durante algum tempo, no início dos anos  20. 

  Os poetas Louis Aragon e Paul Éluard fizeram também parte do movimento, bem como o realizador 

  Luis Buñuel.

 


   Simbolismo

                              

Movimento literário e artístico iniciado em França na segunda metade do séc.XIX e que constitui uma reacção contra o realismo.

Os simbolistas de então procuraram representar a vida mediante o emprego de símbolos e imagens. Os principais dirigentes deste movimento foram Baudelaire, Rimbaud e Verlaine. O grande poeta desta corrente (publicado apenas em 1922) foi Camilo Pessanha, com o volume Clepsidra, que primou no trabalho, tipicamente simbolista, da musicalidade da língua e da surpresa das imagens inesperadas.Cesário Verde é um nome associado também ao realismo e ao parnasianismo, pelo seu trabalho em verso. Editado apenas em 1901 (O Livro de Cesário Verde), foi dos poetas que mais contribuíram para o arejamento e a renovação dos recursos e da linguagem tradicionais da lírica portuguesa.

 

 

                                                           

 

 

Hipálage e Sinestesia

 

   Hipálage

 

Figura da linguagem que consiste em empregar, em relação a uma palavra de uma frase um atributo que conviria melhor a outra.

EX: o estridor toscano da trombeta ( Vergílio )

 

 

 

Sinestesia

 

 

Uma experiência sensorial que resulta do estímulo de um outro sentido; por exemplo, da audição de um som pode resultar uma experiência cromática. Aproximadamente uma pessoa em 25000 apresentam a capacidade de experimentar esta situação, sendo habitualmente do sexo feminino. A forma mais habitual de sinestesia consiste em sentir as palavras como cores. Alguns sinestésicos sentem sons como cores ou formas e sabores como formas, não se conhecendo actualmente as razões pelas quais isso acontece.

Esta experiência é por vezes imitada nas artes. O poeta Baudelaire usou a expressão «fanfarra escarlate»

 

 



Características da poesia de Cesário Verde

 

Cesário Verde disse um dia, em carta enviada ao seu amigo Silva Pinto :

                              A mim o que me rodeia é o que me preocupa.”

 

Duma fase romântica, em que se manifesta um gosto acentuado pela paisagem campestre, o poeta evolui no sentido do social, da procura da justiça e da solidariedade, deambulando pelas ruas de Lisboa e sofrendo com os dramas da sua gente simples e humilde.

 

Identificando a visão plástica, de aguarelista, com a visão do poeta, fiel, por outro lado, à estética do positivo e do sincero, Cesário superou o naturalismo, isto é, a pretensão da estrita objetividade. O estilo de Cesário traduz, por vezes, uma atitude impressionista, em que avulta uma sensação inicial, só depois referida ao objeto(“amareladamente, os cães parecem lobos”), ou então se combinam sensações e se misturam o físico e o moral  (“Ombros em pé, medrosa e fina...”).

A obra de Cesário Verde, pelas múltiplas influências que nela se cruzam, é o ponto de encontro de várias correntes que eram ou haviam de ser importantes na cultura portuguesa:

 

_ Realismo                                  _Parnasianismo

_Impressionismo                        _Simbolismo

_Surrealismo                              _Neo-realismo

 

Oposição Cidade/Campo

     O tempo-espaço inicialmente definido nos poemas de Cesário é a cidade, a realidade presente que, ao ser contrastada com a metáfora antinómica representada pelo campo, é definida como confinadora e destrutiva.

     Ao nível pessoal a cidade representa a ausência, a impossibilidade ou a perversão do amor.

    Ao nível social, a cidade significa opressão, fechamento, doença e morte; o campo a possibilidade do exercício da liberdade, saúde e vida.


  A IMAGÉTICA FEMININA  

Cesário ama a distanciação, o afastamento. Assim ela passa, vagueia, é entrevista no luxo de uma carruagem veloz. Isso permite-lhe avaliá-la na plástica dos seus sentimentos, na imponência que pode seduzi-lo, no luxo de sedas e veludos que a distinguem, na soberbia do carro que a transporta.


O poeta depara com dois tipos de mulher que estão articulados com os dois locais em que se movimentam. Assim, tal como a cidade se associa à fatalidade, à morte, à destruição, à falsidade, também a mulher citadina é apresentada como frívola, calculista, dominadora, destrutiva, sem sentimentos. O erotismo da mulher fatal é humilhante, conseguindo reduzir o amante à situação de presa fácil.

     Em contraste com esta mulher predadora, surge um tipo feminino que é o oposto. É frágil, terna, ingénua, despretensiosa, mesmo que enquadrada na cidade. Desperta no poeta o sentimento de protecção, mas não o de se prostrar aos seus pés.

     Há pois dois tipos de mulher na poesia de Cesário: mulher fatal / mulher angélica, associadas à morte e à vida, à cidade e ao campo, respetivamente.

Cesário Visto pelos Outros Poetas

 

Quis dizer o mais claro e o mais corrente Em fala chã e em lúcida esquadria Ser e dizer na justa luz do dia Falar claro falar limpo falar rente Porém nas roucas ruas da cidade A nítida pupila se alucina Cães se miram no vidro da retina E ele vai naufragando como um barco Amou vinhas e searas campinas Horizontes honestos e lavados Mas bebeu a cidade a longos tragos Deambulou por praças por esquinas Fugiu da peste e da melancolia Livre se quis e não servo dos fados Diurno se quis - porém a luzidia Noite assombrou os olhos dilatados Refletindo o tremor da luz nas margens Entre ruelas vê-se ao fundo o rio Ele o viu com seus olhos de navio Atentos à surpresa das imagens
Fernando Pessoa (heterónimo Alberto Caeiro)

Ao entardecer, debruçado pela janela,

E sabendo de soslaio que há campos em frente.

Leio até me arderem os olhos

O livro de Cesário Verde.

 

Que pena que tenho dele! Ele era um camponês

Que andava preso em liberdade pela cidade.

Mas o modo como olhava para as casas,

E o modo como reparava nas ruas,

E a maneira como dava pelas coisas,

É o de quem olha para árvores,

E de quem desce os olhos pela estrada por onde vai andando

E anda a reparar nas flores que há pelos campos...

 

Por isso ele tinha aquela grande tristeza

Que ele nunca disse bem que tinha,

Mas andava na cidade como quem anda no campo

E triste como esmagar flores em livros

E pôr plantas em jarros...


                                

 


Retrato de uma Princesa Desconhecida


Para que ela tivesse um pescoço tão fino
Para que os seus pulsos tivessem um quebrar de caule
Para que os seus olhos fossem tão frontais e limpos
Para que a sua espinha fosse tão direita
E ela usasse a cabeça tão erguida
Com uma tão simples claridade sobre a testa
Foram necessárias sucessivas gerações de escravos
De corpo dobrado e grossas mãos pacientes
Servindo sucessivas gerações de príncipes
Ainda um pouco toscos e grosseiros
Ávidos cruéis e fraudulentos

Foi um imenso desperdiçar de gente
Para que ela fosse aquela perfeição
Solitária exilada sem destino


Sophia de Mello Breyner Andresen

domingo, 6 de abril de 2025

L'Hymne à l'Amour



 






Edith Piaf

Edith Piaf




segunda-feira, 31 de março de 2025

NARRADOR


O narrador é uma entidade fictícia a quem cabe o papel de contar a ação. É o sujeito de enunciação que apresenta a diegese, contando-a sob o seu ponto de vista.

Narrador heterodiegético-  não toma parte nos acontecimentos nem interfere na história, limitando-se a narrar os acontecimentos.

Narrador homodiegético- narra os acontecimentos e tem o papel de personagem secundária.

Narrador autodiegético- narra os acontecimentos e assume o papel de personagem principal.

Ao contar a história, o narrador contempla as personagens e traça a sua análise, podendo apresentar um conjunto importante de dados sobre elas e sobre os acontecimentos: 

Quanto à ciência, se conhece tudo o que diz respeito às personagens e aos acontecimentos é narrador omnisciente

Se adota o ponto de vista de uma personagem considera-se focalização interna

Se conhece apenas o exterior da personagem e da ação, como se a sua visão fosse "de fora", diz-se focalização externa.

A posição do narrador é objetiva, quando se limita a contar os acontecimentos sem deixar que os seus sentimentos ou emoções transpareçam no seu decurso; 

A posição do narrador é subjetiva se, na apresentação dos factos, há, claramente, uma posição emocional e sentimental do narrador.

Correção do Teste


 

Correção do teste 3 com base nas respostas dos alunos

11ºB

GRUPO I

 

1.   Este excerto de Frei Luís de Sousa integra-se no final do ato I, ao nível da estrutura externa, e refere-se ao momento em que a família está prestes a abandonar o palácio de Manuel, devido à chegada iminente dos governadores castelhanos. Quanto à estrutura interna, este excerto encontra-se no conflito, que consiste no conjunto de peripécias que levam à progressão da ação.

     Este excerto é muito importante para o desenvolvimento da ação, pois Manuel ao tomar a decisão de abandonar a sua casa e mudar para a casa do primeiro marido de D. Madalena, D. João de Portugal, precipita a mudança repentina do rumo dos acontecimentos. Será a essa casa que irá voltar o Romeiro, informando D. Madalena que D. João está vivo.

 

2.    As personagens de D.Madalena e Manuel de Sousa Coutinho são bastante diferentes, com estados de espírito opostos que conseguimos detetar tanto através dos seus gestos e ações, como da linguagem utilizada.

        Primeiramente, Manuel é racional, deixando-se guiar pelas evidências lógicas, ignorando os agouros, e pelos seus princípios fortes (“(...) a tranquilidade de espírito e a força do coração, que as preciso inteiras nesta hora”). Demonstra ser patriota, defendendo a sua nação com determinação e coragem. Para ele, é importante insurgir-se contra aqueles que atraiçoaram o país e que por covardia e falta de integridade não o defenderam, (“(...) vou dar uma lição aos nossos tiranos que lhes há de lembrar, vou dar um exemplo a este povo que os há de alumiar”), demonstrando a sua rebeldia.

        Já D. Madalena deixa-se levar pelos seus sentimentos e emoções, não consegue manter a racionalidade como o seu marido. Para ela, voltar para a casa de D.João era “voltar ao poder dele”. Mesmo sendo patriota, demonstra fragilidade e fraqueza, deixando-se tomar pela angústia e pelo medo (“a violência, o constrangimento de alma, o terror com que eu penso”). Além disso, é facilmente influenciada pelos agouros e indícios, que para ela, demonstram o final trágico da família, mais precisamente, a separação do casal (“que o atravessa no meio de nós, entre mim e ti”).

 

3.  Uma característica clássica presente neste excerto é a presença de elementos trágicos, nomeadamente presságios que nos anunciam um futuro inevitável fatal. Os presságios contribuem para um clima de tensão e angústia, tanto para os personagens como para o espectador, pois são uma lembrança de que a catástrofe (característica clássica também) está iminente e não há nada que as personagens possam fazer para a evitar. Um exemplo de um presságio é: “que não estou ali três dias, três horas.”- (ll. 25) e até mesmo: “espada (...) que a atravessa no meio de nós, entre (...) nossa filha.”- (ll.22).

A característica romântica que destaco é o patriotismo de D. Manuel que sacrificou a sua casa para protestar contra os governadores castelhanos que vieram ocupar o seu palácio, dado Portugal estar sob domínio de Castela: “vou dar uma lição (...) os há de alumiar…) (ll.40 a 41).

 Esta característica contribui para o adensar do ambiente trágico e de fatalidade, pois devido a esta atitude patriota, a família mudar-se-á para a casa de D. João de Portugal, instaurando-se um ambiente de tensão, cheio de angústia e terror, já que traz à memória o “fantasma” que os assombra e que acabará por se tornar real, com o aparecimento do Romeiro.

 

4.   Fernão Lopes, escrivão e 4º guarda-mor da Torre do Tombo, foi uma figura medieval portuguesa importante que nos deu a conhecer uma nova conceção da História, tendo sido considerado o primeiro cronista português.

     Em primeiro lugar, o cronista manifesta a preocupação de comprovar o que transmitia, com provas documentais, evidenciando, assim, a sua preocupação com o rigor histórico.

   Em segundo lugar, a sua obra apresenta características como o coloquialismo, visualismo e dinamismo, permitindo, não só cativar o leitor, como dar uma “visão” fidedigna dos acontecimentos. Além disso, os leitores conseguem experienciar sensações auditivas, visuais, táteis, entre outras, devido ao uso abundante de recursos expressivos. Usa também o discurso direto para imprimir maior veracidade às ações dos seus protagonistas.

    Com Fernão Lopes, o povo assume o papel principal na História, afirmando uma consciência coletiva que o leva a ser o fazedor do rumo dos acontecimentos.

    Desta forma, Fernão Lopes deu-nos uma visão rigorosa e diferente dos factos históricos, concorrendo para uma nova conceção da História.


GRUPO II

1.C

2.A

3.C

4.D

5.A

6.A

7. sujeito

 

Tudo aquilo que o Homem ignora, não existe para ele. Por isso, o universo de cada um resume-se ao tamanho do seu saber. (Einstein)

 

FIM

CORREÇÃO TESTE 3

Correção do teste 3 com base nas respostas dos alunos

11ºC

GRUPO I





 

 

1)   Este excerto de Frei Luís de Sousa integra o ato II da obra, ao nível da estrutura externa, e faz parte do conflito no que concerne à estrutura interna.

Este excerto é muito importante para o desenvolvimento da ação, dado situar-se no momento em que Manuel de Sousa Coutinho está prestes a partir para Lisboa, levando a sua filha Maria consigo, e deixando a sua esposa Madalena sozinha. É uma das duas peripécias da peça, pois vai alterar o rumo dos acontecimentos, ao permitir a criação de um ambiente propício ao aparecimento do Romeiro e à sua confissão de que D. João de Portugal está vivo.

Efetivamente, logo depois da partida de Manuel, Maria e Telmo para Lisboa, o Romeiro retorna ao seu palácio, e o facto de a família de Madalena não estar presente quando tal acontece, vai contribuir para que o mesmo interprete a situação de forma a dar-se o momento auge da peça: o reconhecimento. 


2. Através deste excerto e de toda a obra, conseguimos perceber uma clara diferença de personalidade entre D. Madalena e Manuel de Sousa.

    Enquanto Madalena se mostra uma pessoa mais sentimental e vulnerável a qualquer pequeno desafio, como pode ser visto na passagem seguinte: “Tenho este medo, este horror de ficar só…de vir a achar-me só no mundo”, em que existe um exagero nas emoções relativamente à situação, Manuel é uma personagem muito mais calculista, racional e calma, como demonstra no excerto: “Parece que vou eu agora embarcar num galeão para a Índia…”, onde percebemos que consegue diminuir os exageros criados por parte de Madalena.

     Outro traço caracterizador de ambas as personagens prende-se com a religião. Ambos são muito religiosos e entregam tudo nas mãos de Deus ( “estão entregues a Deus”, “Deu-lhe Deus muita força”), são passagens que mostram essa confiança e procura de explicação para os problemas, bem como o refúgio em Deus. No entanto, Manuel consegue ser mais assegurador e cuidadoso de forma a garantir à sua esposa que nada de mal irá acontecer. Esse cuidado e segurança transmitidos por Manuel estão presentes na seguinte passagem: “Não tenhais cuidado, vamos todos com ela”.

     Pelo contrário, Madalena, apesar da crença em Deus, está sempre receosa, sobressaltada e atormentada com o passado e como este poderá ter consequências nefastas no presente e futuro da família.(“Que queres? Não está na minha mão”… até… “Adeus! Outro abraço. Adeus!”)

 

3) Frei Luís de Sousa, sendo considerado um drama por uns e uma tragédia por Garrett, apresenta tanto elementos trágicos como românticos.

     Neste excerto, podemos notar a abundância de pontuação, que é uma característica romântica. O uso exagerado de reticências, pontos de exclamação e pontos de interrogação transmitem mais facilmente ao espectador as emoções das personagens e evidenciam as angústias que estão a sentir, mesmo não estando expressas em palavras.       Nas cenas retiradas da obra, a personagem de Madalena é que mais apresenta este tipo de pontuação, e ela é a que se encontra mais inquieta e preocupada.

   No que se refere ao elemento trágico, podemos encontrar os presságios (Pathos). Estes, situados ao longo da obra, servem para avolumar a tensão das personagens, do ambiente, e também do próprio espectador, pois anunciam desgraça.

    Esta obra, na totalidade, tem imensos presságios, mas neste excerto podemos encontrar, pelo menos, dois. Um deles é a menção da história da condessa de Vimioso e o outro é a fala de Manuel: “A nossa situação é tão diferente.” (l. 37).

   Estes agoiros, juntamente com a pontuação, prenunciam um destino fatal que pode estar guardado para esta família e inquietam o espectador. Para além disso, criam um ambiente propício ao reconhecimento, já que Madalena fica sozinha naquele dia aziago para ela, intensificando o terror e o seu sofrimento. 

 

     4)Nas civilizações antigas, a forma mais comum de transmissão de histórias era a oral. Quando escritas, eram feitas em verso, já que dessa forma têm particularidades rítmicas e recorrentes fónicas, que ajudavam na memorização.

    A poesia trovadoresca, que surgiu em Portugal, na Galiza, em Leão, Castela e Aragão, desenvolvendo-se desde finais do século XII até meados do século XIV, estendeu-se por todas as classes sociais (sendo tocada, cantada e composta por trovadores e jograis e dançado pelas soldadeiras). Dividia-se em dois géneros: na poesia lírica e na poesia satírica.

       Atendendo à poesia lírica, deparamo-nos com cantigas de amigo e cantigas de amor, nas quais o papel da mulher é evidente.

       Nas cantigas de amigo, a mulher está presente como sendo o sujeito poético. Uma donzela, apaixonada e saudosa, expressa os seus sentimentos de felicidade amorosa, saudade, ansiedade ou desespero, e recorda o amado. A sua confidência amorosa (a quem pede ajuda e conselhos ou a quem expressa emoções) é a sua mãe -mulher experiente e próxima- as amigas, estando a mulher novamente presente, ou a Natureza, aqui personificada. Exemplo disso é a cantiga “ Ai flores de verde pino”.

      Nas cantigas de amor, a mulher é amada pelo eu lírico. É idealizada e elogiada em termos superlativos pela sua elevação moral e social, mas, ao contrário das cantigas de amigo (onde se aborda a cor de pele, olhos e cabelo), não é descrita fisicamente. O amador coloca a sua “dona” numa posição quase inatingível e presta-lhe vassalagem amorosa, colocando-se numa posição inferior e servindo-a com diligência e seriedade, sofrendo a coita d’amor, como podemos ver na cantiga “Se eu pudesse desamar”.

      Assim, o papel da mulher, ainda que distinto nas duas cantigas, é evidente e relevante, tanto para dar ênfase aos seus sentimentos, bem como para a caracterizar.

      A mulher desempenha um papel fundamental e deve ser cada vez mais reconhecido na sociedade.

 

GRUPO II

1.B

2.A

3.C

4.D

5.D

6.A

7. sujeito

 

Tudo aquilo que o Homem ignora, não existe para ele. Por isso, o universo de cada um resume-se ao tamanho do seu saber. (Einstein)

 

FIM

 

segunda-feira, 24 de março de 2025

Apreciação crítica do quadro de Munch,"Separação II"



    O quadro “Separação II”, pintado em 1896, por Edvard Munch, retrata sentimentos
dolorosos na separação entre duas pessoas. Munch consegue transmitir a intensidade das
emoções humanas, num momento caracterizado pela perda e pela tristeza.
    No centro da tela, encontramos duas personagens, um homem e uma mulher, imersos nos seus sentimentos. O homem, apresenta-se no lado esquerdo do quadro, com um olhar triste e de introspeção. Já a mulher, situada do lado direito, admira o mar no horizonte, de costas para o parceiro. Salienta-se, também, as marcas existentes no corpo da mulher. O fundo do quadro é caracterizado pela presença de uma praia que se alonga na imensidão panorâmica. As cores escuras e sombrias, preto e azul, expõem a atmosfera de melancolia e de sofrimento. O cabelo claro da personagem contrasta com os tons
predominantes, estabelecendo o objetivo principal: destacar a mudança na vida destas duas personagens. Além disso, outro pormenor que dá voz à dor da separação está presente na ausência de contacto visual entre as duas pessoas. O cabelo esvoaçante da mulher é símbolo da mudança e da ânsia para voar numa era longe da alma aprisionada. Todavia, as marcas arredondadas notáveis na pele da mulher dão saliência aos eternos vestígios do pesadelo vivido até ao dia da separação. No fundo do quadro, visualizamos uma praia que, com a sua extensa dimensão, é metáfora para o sentimento de isolamento e desespero no meio de um mundo que continua a rodar em torno deles. A linha que separa a areia do mar espelha a distância tanto física como emocional, mas também a mudança entre o fim de um
capítulo e o princípio de outro com caminho para a beleza da vida que espera estas duas personagens.
    Numa das interpretações possíveis, Munch representa, de forma genial, a liberdade sobreposta no sofrimento causado pela separação, num contexto amoroso. Efetivamente, podemos ver neste quadro uma crítica incrível às relações tóxicas presentes nos dias de hoje. Assim, sugere-se que nem sempre as relações com as pessoas que mais amamos, são harmoniosas e sinónimas de respeito, como simboliza o termo Amor, escondendo uma imensidão de imperfeições e defeitos.
    Concluindo, o quadro intitulado de “Separação II”, toca-nos nos corações e remete-nos num caminho único e impressionante para a alma de Edvard Munch. Contudo, convida-nos a capturar a essência deste quadro, de forma singular e memorável.

Apreciação Crítica sobre o quadro "O Fado"


     A pintura “Fado”, obra de José Malhoa, foi criada em 1910 tendo grande importância na História da Arte Portuguesa. Com 150 cm de altura e 183 cm de largura, encontra-se, temporariamente, no Museu do Fado, apresentando-se como ícone da cultura popular. Observando a obra, é possível encontrar uma figura feminina e uma masculina, sentadas à mesa, dentro de uma casa simples. A sua decoração permite-nos saber que são cristãos, tendo em conta que há uma cruz desenhada num quadro de parede, e também pessoas humildes, visto que as paredes estão a perder a sua tinta, o chão está sujo e as roupas que vestem identificam-se com uma classe social mais desfavorecida.
      Analisando a obra, e atendendo às cores utilizadas, podemos destacar o vermelho, cor da espontaneidade, paixão e intensidade, o azul, intensificador da calma, paz, bondade e honestidade e ainda o castanho, símbolo da seriedade e segurança. Atendendo à iluminação que lhe foi atribuída, podemos reparar que a imagem da mulher parece mais aclarada, em relação ao resto da pintura, que
aparenta ser mais escura, como uma sombra. Há, assim, um contraste claro-escuro.
       A meu ver, a grande riqueza está na interpretação que é feita sobre cada elemento da pintura. Pelo cenário e pela presença de elementos como a guitarra, o vaso de manjerico, o leque e as bandarilhas, consigo supor que este interior pertence a uma típica casa portuguesa e, sendo assim, as personagens, que sugerem ser amantes, são de nacionalidade portuguesa. Parecem pertencer a uma classe baixa da
sociedade, pelos seus vícios, representados pelo cigarro e pelo vinho. Pela roupa que veste e por estar de cigarro na mão, apresentando-se desleixada, a mulher assemelha-se a uma prostituta, não sendo digna de tocar e cantar o fado, tal como as restantes mulheres da sua época. Já o homem, de roupa formal e postura correta, toca-o, cativando toda a atenção da sua mulher. Talvez esta canção não seja tão cruel
como uma prostituta, daí não ser tocada por ela. No meu ponto de vista, a amante, que se destaca na obra pela sua iluminação, representa o encanto do fado. Acredito que esta seja uma tentativa de personificar o fado e de retratar o quotidiano simples, mas belo, de um português.
     Por conseguinte, considero esta obra muito formosa, tendo-a admirado muito.
     O fado surge da mão do pintor José Malhoa e conquista os olhos de qualquer lusitano.
     Sente-se, com esta obra, o orgulho de ter nascido e de pertencer a este país.

 


sexta-feira, 7 de março de 2025

Personagens

Madalena de Vilhena
É uma heroína romântica, vive marcada por conflitos interiores e pelo passado. Os sentimentos e a sensibilidade sobrepõe-se à razão e é uma mulher em constante sofrimento. Crê em agoiros, superstições e dias fatais (a sexta-feira). É uma sofredora, tem um amor intenso e uma preocupação constante com a filha Maria, contudo coloca a cima de tudo a sua felicidade e amor ao lado de Manuel  de Sousa, mesmo o seu amor à pátria é menor do que o que sente por Manuel. No final da obra, aceita o convento como solução,  mas fá-lo seguindo Manuel (ele foi? Eu vou)


Manuel de Sousa Coutinho
É o típico herói clássico, dominado pela razão, que se orienta por valores universais, como a honra, a lealdade, a liberdade; é um patriota, um velho português às direitas, forte, corajoso e decidido (o incêndio), bom marido, pai terno, não sente ciúmes do passado e não crê em agoiros. O incêndio e a decisão
violenta de o concretizar é um traço romântico.
            Contudo, esta personagem evolui de uma atitude interior de força e de coragem e segurança para um comportamento de medo, de dor, sofrimento, insegurança e piedosa mentira no acto III quando teme pela saúde da filha e pela sua condição social.
            No final da obra, mostra-se tão decidido como noutros momentos: abandona tudo (bens, vida, mundo)e refugia-se no convento.


Maria de Noronha
            É a mulher-anjo dos românticos (fisicamente é fraca e frágil; psicologicamente é muito forte).
            Nobre, de inteligência precoce, é muito culta, intuitiva e perspicaz. Muito curiosa, quer saber tudo... É uma romântica: é nacionalista, idealista, sonhadora, fantasiosa, patriota, crente em agoiros e uma sebastianista.
            É a vitima inocente de toda a situação e acaba por morrer fisicamente, tocada pela vergonha de se sentir filha ilegítima (está tuberculosa).

         
D. João de Portugal
            Nobre cavaleiro, está ausente fisicamente durante o I e o II acto da peça. Contudo, está sempre presente na memória e palavras de Telmo, na consciência de Madalena, nas palavras de Manuel e na intuição de Maria.
            É sempre lembrado como patriota, digno, honrado, forte, fiel ao seu rei; quando regressa, na pele do Romeiro é austero e misterioso, representa um destino cruel, é implacável, destrói uma família e a sua felicidade, mas acaba por ser, também ele, vitima desse destino. Resta-lhe então a solidão, o vazio e a certeza de que ele já só faz parte do mundo dos mortos (é “ninguém”; madalena não o reconhece; Telmo preferia que ele não tivesse voltado pois Maria ocupou o seu lugar no coração do velho escudeiro):
            D. João é uma figura simbólica: representa o passado, a época gloriosa dos descobrimentos; representa também o presente, a pátria morta e sem identidade na mão dos espanhóis / e é a imagem da pátria cativa.


Telmo Pais
            É o velho aio, não é nobre, contudo a sua convivência com as famílias nobres, “deu-lhe” todas as características de um nobre (postura, fala, educação, cultura...).
            É o confidente de Madalena e de Maria.  Fiel, dedicado, é o elo e ligação entre as duas famílias (os dois maridos de Madalena), é a chama viva do passado que alimenta os terrores de Madalena.
É muito critico, cria juízos de valor e é através dele que  consciência das personagens fragmentada que vive num profundo conflito interior pois sente-se dividido entre D, João e Maria, não sabendo o que fazer.
É um sebastianistas e sofre muito pela sua lealdade.


Frei Jorge
            Irmão de Manuel de Sousa, representa a autoridade de Igreja. É também confidente de Madalena, pois é a ele que ela confessa o seu “Terrível” pecado: amou Manuel de Sousa ainda D. João era vivo. É um uma figura moderadora, que procura harmonizar o conflito, modera os sentimentos trágicos. Acompanha sempre a família, é conciliador, pacificador e impõe uma certa racionalidade, procurando manter o equilíbrio no meio de uma família angustiada e desfeita.

domingo, 23 de fevereiro de 2025

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 2. Inicialmente, o Romeiro procura a confirmação de Telmo quanto às diligências 

tomadas por D. Madalena no sentido de o encontrar (ll. 78-85), deixando transparecer 

uma profunda mágoa por a sua esposa ter entregado o seu coração a outro. Após Telmo 

aludir à injustiça deste juízo (l. 83), à virtude e honra de
D. Madalena e de confirmar essas diligências, D. João comunica ao velho escudeiro a 

sua «última resolução» de tentar solucionar a situação. Esta decisão afigurou-se a mais 

correta na alma do Romeiro, ao descobrir que o casal tinha uma filha, sentindo-se 

responsável pelo «mal feito» (l. 114).


3. D. João pede a Telmo que minta, que diga a todos que «o peregrino era um 

"impostor"» (l. 88) e que toda aquela situação era um «grosseiro embuste» (l. 89) 

criado pelos inimigos de Manuel de Sousa Coutinho, decidindo desaparecer para sempre

 – «Até ao dia de juízo» (l. 111).

Segundo o Romeiro, tal informação, dita por Telmo, teria «dobrada força» 
(l. 120). Inicialmente, Telmo rejeita participar neste plano, por implicar renegar
 o seu «filho», D. João de Portugal, a quem amava e era fiel; no entanto, acaba
 por ceder à vontade do Romeiro, sobretudo pelo amor «maior» pela 
«outra filha», Maria. 

4. O Romeiro, ao ouvir D. Madalena chamar pelo seu 
«esposo» (l. 129), por breves instantes fica feliz e esperançoso, pensando 
que é a si que ela se dirige, e sente-se tentado a abrir-lhe a porta. Porém, 
quando D. Madalena nomeia «Manuel», chamando-lhe «meu amor» (l. 137), 
fica furioso e destroçado, dirigindo-se para a porta; contudo, cai em si e, 
resignado, reafirma a sua decisão, saindo «com violência» de cena (l. 140). 

5. D. João de Portugal encerra em si as virtudes do cavaleiro cristão: mostra 
amor pelo seu rei e pela sua pátria, combate contra os inimigos da fé, pela
 qual coloca em risco a sua vida, sujeitando-se a maus-tratos, privações, 
distância e «saudades» da esposa durante «vinte anos». Revela generosidade
 e grandeza de alma ao não querer «desonrar a sua viúva» (l. 119), preferindo,
 apesar de sentir frustração e mágoa pela perda da sua esposa, passar por 
«impostor», apagando-se voluntariamente, para tentar remediar o problema 
que o seu regresso gerou.

Pág.145

 1. O espaço que se revela, quando uma cortina se afasta, é o de 

uma igreja que comunica com o palácio; nele encontramos vários

 religiosos, além de paramentos litúrgicos. As personagens 

passam, assim, do espaço profano ao sagrado.


2. A expressão do Prior refere-se ao facto de Manuel e 

D. Madalena estarem prestes a abdicar da vida que tinham, 

dos seus bens e títulos, para ingressarem em ordens 

religiosas. Mudarão de nome e abandonarão a existência 

profana para professarem.


3. O ambiente da cena X tem a solenidade e a serenidade que 

se espera de uma cerimónia religiosa: a música do órgão e os 

cânticos contribuem para essa gravidade. A entrada tempestuosa 

de Maria em cena vem perturbar a calma que se vivia e que 

se transforma em «confusão geral». 




4.1 Maria tenta demover os pais da resolução extrema que estão 

a tomar («levantai-vos, vinde», l. 19), dirigindo a sua dolorosa 

revolta contra a falta de humanidade de um Deus que lhe rouba

 os seus legítimos pais («Que Deus é esse que […] quer roubar 

o pai e a mãe a sua filha?», l. 25). Desafia as normas dominantes, 

ao pedir aos pais que mintam, afirmando não se importar «com

 o outro» (l. 27), que veio dizer que ela era «filha do crime e do

 pecado» (ll. 40-41). Em suma, para Maria, o valor da família é 

superior aos valores sociais e religiosos, contra os quais dirige 

todo o seu discurso.



5.1 Maria revela à mãe o conteúdo das visões que a não 

deixavam dormir: o anjo que surgia com uma espada em 

chamas na mão e a atravessava entre ela e a mãe. A espada 

atravessada entre a família indicia a separação, e o facto de 

estar em chamas, significa a destruição. 

6. O Romeiro, ao ver o sofrimento que causou naquela família 

e a desgraça que se aproxima, pede a Telmo que intervenha 

para «salvar» Maria e os seus pais. Revelando nobres 

sentimentos, D. João, que antes ansiava por vingança, 

arrepende-se e quer agora que a tragédia não se abata sobre a

nova família de D. Madalena.


7.1 Em Frei Luís de Sousa, assistimos a «um duplo e tremendo 

suicídio», quando Manuel de Sousa Coutinho e D. Madalena 

decidem abandonar voluntariamente o mundo profano 

(«morte» para o mundo), para se entregarem à religião, 

procurando deste modo restabelecer a ordem divina.