Correção do Teste/Cenários de
Resposta
Amor de Perdição e Farsa de Inês Pereira
1.
Antes de se apaixonar por Teresa, Simão era um jovem rebelde, mau estudante,
defensor dos ideais da revolução, violento nas suas ações. Este comportamento é
visível no primeiro parágrafo do excerto: (“ferveu-lhe o sangue na cabeça”;
teve tentações de matar”; “raivas e projetos de vingança”).
Após
conhecer o amor, torna-se um homem diferente, e “a mudança do estudante
maravilhou a academia”. Tornou-se sensato, “estudava com fervor”, sendo o melhor da Academia.
Estas
características contribuem para a construção do herói romântico, pois este é um
ser repleto de contrastes, individualista, que luta contra as convenções que
lhe são impostas, mas também nobre de caráter, possuidor de valores e um
lutador na defesa dos seus ideais.
2. O bilhete que Teresa
envia a Simão tem, entre outras, as funções de:
− estabelecer contacto
com o seu amado;
− transmitir a Simão as
últimas notícias, pondo o jovem ao corrente da decisão do pai dela de a
encerrar num convento;
− confirmar o amor e a
fidelidade recíprocos;
− esclarecer Simão
sobre a forma de comunicarem, de trocarem cartas de amor;
− manifestar confiança
na força da sua relação amorosa, apesar das dificuldades enfrentadas.
3.
Quanto à presença, o narrador é heterodiegético, pois limita-se a narrar os
acontecimentos, não fazendo parte deles como personagem, conforme se pode
constatar no excerto . Não obstante,
assume uma posição subjetiva, pois revela -se parcial, ao mostrar a sua
concordância com Simão, avaliando como sensata a decisão do jovem de partir
para Coimbra (esperando “lá notícias de Teresa, e vir a ocultas [...] falar com
ela» – l. 11): “Ajuizadamente discorrera ele que a sua demora agravaria a
situação de Teresa.” (ll. 11 e 12).
4. A
morte é um elemento presente tanto em Frei
Luís de Sousa como em Amor de
Perdição.
Um
aspeto comum às duas obras é a presença de um herói romântico (D. Manuel em Frei Luís de Sousa e Simão em Amor de Perdição). Uma das
características do herói romântico é a morte espiritual ou física.
Em
ambas as obras, existe uma crise onde não existe saída aparente. As personagens
são condicionados pelas regras impostas pela sociedade. A morte, para eles,
acaba por ser a única solução encontrada. Para as personagens que desafiam as
convenções sociais, a morte acaba por ser a solução encontrada para os
conflitos entre o indivíduo e a sociedade.
A
morte é também vista como uma libertação. Teresa e Simão, já no céu,
poder-se-ão amar livremente, sem constrangimentos ou proibições: “(...) ou no
céu (...) leal”- ll.20. Maria, de Frei
Luís de Sousa, alcançou a “coroa de glória”, pois esta “não se dá senão no
céu”.
Concluímos,
assim, que a morte nas obras românticas não é um fim e sim uma saída para solucionar
conflitos e alcançar a felicidade.
5. Nestas duas obras, conseguimos identificar
duas personagens radicalmente opostas, Mariana e Inês Pereira.
Primeiramente,
Mariana é uma mulher com caráter nobre que se apaixona verdadeiramente por
Simão, estando disposta a tudo por ele. É uma personagem generosa e empática,
que se preocupa com o outro. Podemos comprovar através da forma como protegeu
sempre Simão, ajudando com dinheiro, sendo mensageira de Teresa e dele,
culminando com o seu suicídio por amor sincero e puro.
Inversamente, Inês Pereira não se importa
minimamente com o seu parceiro, procurando um casamento para ascender socialmente e se libertar das tarefas
domésticas em casa de sua mãe. Demonstra ser oportunista e calculista, quando
casa com Pêro Marques, porque quer ser livre,
não se preocupando com o seu parceiro, aproveitando-se da sua ingenuidade e bondade.
Além disso, podemos destacar a reação oposta que tiveram quando um membro do
clero as tentou seduzir. Enquanto Mariana ignora e repreende esta devassidão do
clero, Inês Pereira cai na tentação e comete adultério.
Assim, estas personagens veem e sentem o
amor de forma diferente, mostrando que Mariana é nobre de caráter, opondo-se à
corrupção do clero, ao contrário de Inês Pereira, que apenas se preocupa com os
seus próprios interesses.